Compartilhe!

Você afasta as pessoas. Você broxa. Você envelhece precocemente. Você perde sua liberdade. Você tem câncer. Você morre.

A advertência direta aos fumantes pode, em breve, fazer parte das embalagens de cigarro no país.

As mensagens, que citam possíveis impactos a quem fuma, compõem um primeiro conjunto de propostas para alterar as imagens de advertência que ficam na parte de trás dos maços de cigarro.

O objetivo é reforçar o alerta sobre os efeitos à saúde e tentar reduzir o consumo –cerca de 15% da população brasileira adulta é fumante.

A definição e revisão dos modelos de advertência são feitas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que regula produtos derivados do tabaco. A Folha teve acesso a parte das propostas, que devem ser submetidas à consulta pública nos próximos dias.

Hoje, o modelo em vigor apresenta, no topo do verso das embalagens, conceitos como sofrimento, impotência, perigo, toxicidade e infarto e o já conhecido “O Ministério da Saúde adverte”.

Já a nova proposta altera o formato da mensagem, que passaria a ter abordagem mais direta, com destaque para a palavra “VOCÊ”, seguida do restante da frase na parte inferior: “MORRE de câncer de pulmão e enfisema consumindo este produto”.

Ao todo, serão nove modelos de mensagem, que alertarão sobre impotência (“você broxa”), câncer e outros.

Em reunião nesta semana acompanhada pela Folha, a agência apresentou apenas as descrições das fotografias e a proposta do novo modelo.

A alegação é que faltam ajustes finais no contrato e que a versão completa estará na consulta pública.

Para Deborah Malta, professora associada da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), o uso de linguagem direta pode ser positiva.
“Quanto mais a pessoa se sentir atingida, maior pode ser o efeito imediato de achar que ela pode ser a próxima vítima, e não o outro. As pessoas acham que estão imunes.”

Já Paula Johns, diretora-executiva da ACT Promoção da Saúde (antiga Aliança de Controle do Tabagismo), defende que é preciso cautela quanto às mudanças.

“A palavra ‘você’ em letra grande passa uma sensação de culpabilização do fumante”, diz. “Não quer dizer que os indivíduos não sejam responsáveis pelas escolhas, mas é preciso lembrar que elas se dão em contextos sociais e há a situação de dependência.”

Questionada sobre a mudança, a Anvisa informa que “a linguagem objetiva foi escolhida para se diferenciar das propostas até então utilizadas, buscando maior atenção por parte de quem as lê”.

Segundo a agência, a proposta foi baseada em estudos nacionais e internacionais.

A inserção de imagens de advertência no verso da embalagem é obrigatória desde 2002. Já o primeiro alerta vem desde 1988. O Brasil foi o 2º país a adotar a medida, hoje presente em 67.

Desde então, essa é a quarta alteração nas imagens. A última ocorreu em 2009. “São imagens que atuam de forma importante na redução do número de fumantes”, afirma o diretor Fernando Mendes, relator da proposta.
 

UOL

Deixe seu comentário