Joãozinho de Cruz
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Nesta quarta-feira, 26 de julho, a Filarmônica 26 de Julho, um patrimônio cultural da cidade de Patos, completa 86 anos de existência.

Dos músicos que passaram pela banda ao longo desses anos João Nepomuceno de Lucena, o Joãozinho da Cruz, é o mais antigo, com 104 anos de idade.

Ele vive em João Pessoas, mas nunca perdeu a relação com a cidade de Patos, principalmente com a Festa da Padroeira e a Filarmônica 26 de Junho. Contamos abaixo, pela segunda vez, um pouco de sua história.

No dia 16 de maio o patoense João Nepomuceno de Lucena, nascido no Sítio Trapiá e conhecido como Joãozinho de Cruz, fez 104 anos de idade. A família, como sempre faz, comemorou em grande estilo.

11954624 928234557252296 4767735537363804883 nSeu João Nepomuceno se casou em julho de 1935 com Alaíde Vieira de Lucena, uma das primeiras professoras de Patos. Ela nasceu em 1917 e faleceu em 1994, aos 77 anos. O casal teve 17 filhos, mas quatro deles morreram ainda bebês. Ficaram 13: Adail (Irmã Áquila, freira das Filhas do Amor Divino, mora no Cristo Rei); Adilson (in memoriam); Adilis (in memoriam); Adalvanira; Almiro; Abelardo (in memoriam); Ana Zélia; Elizabeth; Eduardo; Alaíde; Idalina; Maria Assunção e Aretuza.
Além dos treze filhos legítimos, o casal adotou, em 1975, um bebê que foi abandonado em Patos no consultório da filha Adalvanira. O bebê tinha poucos dias de nascida e chamava-se Virginia Maria Vieira de Lucena.

Virginia morreu aos 35 anos de idade. Desde muito pequena era diabética.

Joãozinho de Cruz quando novo viveu rodeado de filhos e agora, idoso, vive rodeado de netos, bisnetos e trinetos, além dos filhos. Dois netos também foram criados por ele: Marcos Aurélio e Rafael Vieira de Lucena.
Em 1952 ele deixou Patos para residir em João Pessoa, buscando melhores condições de estudo e de trabalho para os filhos. Dos 13 filhos, 12 concluíram curso superior – uma grande conquista pra ele.

Seu Joãozinho de Cruz é irmão de Zezinho de Cruz, dono do primeiro cartório de registro civil de Patos, e de Diva Brandão, esposa de Hermes Brandão, conhecido maestro patoense.

Ele atuou por uns tempos na Filarmônica 26 de Julho, onde tocava pratos. É o decano da instituição, mas a música não era a sua profissão principal.

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Com a filha Assunção

Ele sempre foi motorista, um dos mais antigos de Patos, inclusive. Trabalhou na antiga Sambra (usina algodoeira); foi motorista de táxi, motorista particular de Pedro Izidro e do pai do fazendeiro Edvaldo Gurgel.
Quando foi residir em João Pessoa, desempregado, Dona Alaíde Vieira escreveu para o presidente Getúlio Vargas solicitando um emprego para o marido. A presidência da República respondeu e solicitou que ela procurasse saber se existia vaga de motorista no DNER, atual DNIT, em João Pessoa, e, felizmente, tinha. Hoje ele é aposentado do DNIT. “Esta história é bem interessante, pois foi a perseverança de minha mãe que fez com que meu pai encontrasse emprego na capital”, disse a filha Assunção Lucena Trindade, engenheira e ex-secretária de Infraestrutura da Prefeitura de Patos, no governo recente de Francisca Motta (PMDB).

Embora more em João Pessoa há 65 anos nunca perdeu as relações com Patos e nem com a Filarmônica 26 de Julho, que marcou a sua vida e é sempre uma grande e doce lembrança, inclusive, durante muito tempo ele sempre vinha à Patos na Festa da Padroeira de Nossa Senhora da Guia (é devoto dela e da Menina Francisca, da Cruz da Menina) para encontrar velhos amigos e ver a filarmônica tocar.
Seu Joãozinho de Cruz está sem andar depois que fraturou o fêmur na altura da bacia e implantou pinos. Há cerca de um ano atrás ele ainda dava alguns passos, mas depois houve a rejeição e a fisioterapia não ajudou muito. As pernas se atrofiaram e, por precaução, as filhas e netas acharam melhor que ele ficasse em cadeira de rodas.

Com 104 anos ele continua lúcido, gosta de assistir televisão e, como passatempo, recorta imagens de mulheres bonitas nas revistas, embora a visão já não seja tão boa.

A memória dá uma falhadas de vez em quando, principalmente no reconhecimento de pessoas que ele não vê há um bom tempo, mas segue lúcido e consciente de tudo, inquieto, acorda cedo, mexe nas coisas, assiste TV, dá opiniões, fica brabo e até dá bronca nos filhos.

Sua história é rica e daria um livro, inclusive uma escritora da cidade de Campina Grande já demonstrou interesse em contar toda a história de vida de seu Joãozinho de Cruz. Ela estava para começar a trabalhar esse projeto
Seu João é a alegria da família. É em torno dele que gerações diferentes de uma mesma família se encontram e se confraternizam. Sua dedicação à família será sempre um exemplo a ser admirado e a ser seguido por todos.

Folha Patoense – folhapatoense@gmail.com

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