Hugo Ferreira, à esquerda, e Sebastião Felizardo, à direita/Foto: Arquivo pessoal/ João Hélio
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Uma verdadeira lição de perdão foi concedida durante o mês de janeiro, no município de Sousa, Sertão paraibano. O flanelinha Sebastião Felizardo, esfaqueado por Hugo Ferreira, em agosto de 2017, resolveu perdoá-lo da tentativa de homicídio e contratou um advogado para livrar o suspeito da prisão, onde ele cumpria pena preventiva há cinco meses.

O caso entre vítima e suspeito, que já eram amigos antes do crime, começou durante uma briga por vagas de estacionamento e papelão, que seria vendido para a compra de drogas, conforme o advogado João Hélio, contratado por Sebastião para livrar Hugo da prisão.

“No dia 22 de agosto, Hugo feriu Sebastião a facadas após uma discussão por conta de vagas de estacionamento e papelão, que seria vendido para comprar drogas. Ferido, Sebastião correu para uma igreja, onde pediu socorro. No mesmo dia Hugo foi preso e depois foi para a Colônia Penal Agrícola. Sebastião passou quatro dias na UTI do Hospital de Sousa”, contou o advogado.

Após sair do hospital, Sebastião procurou o advogado, que trabalha com um projeto religioso que distribui alimentos a moradores de rua em Sousa, e começou a participar do projeto.

“Temos um trabalho chamado ‘Calçada da Fé’, onde pregamos para moradores de rua, entre eles Sebastião e Hugo. Quando recebeu alta, Sebastião ingressou no projeto e depois ele me procurou dizendo que queria que eu advogasse para Hugo para que ele fosse solto. Inicialmente eu tomei um susto porque nunca tinha visto algo assim. Mas, depois entendi como um perdão sincero, um perdão verdadeiro, perdão de amor”, disse João Hélio.

Choro na prisão e liberdade

O advogado também contou que após ser contratado foi até a Colônia Penal, onde Hugo cumpria pena preventiva, para informar a ele da decisão de Sebastião.

“Quando cheguei ao presídio ele pensou que eu era advogado público. Quando eu contei que havia sido contratado por Sebastião para tentar livrar ele da prisão, Hugo caiu em choro. Foi emocionante para todos que estavam lá”, afirmou o advogado.

Hugo foi posto em liberdade provisoriamente no dia 24 de janeiro, após decisão do juiz José Normando Fernandes, da 1ª Vara da Comarca de Sousa. Conforme o advogado, ele não corre risco de ser preso novamente, já que o crime mudou de gravidade. Porém, a liberdade definitiva ainda será decidida.

“O que conseguimos foi a liberdade provisória. O crime mudou de gravidade após a decisão da vítima de retirar o processo [antes era lesão corporal de natureza grave e agora é lesão corporal de natureza leve] e pedir a soltura de Hugo. Então, esperamos que o processo seja arquivado e que Hugo volte a viver normalmente na sociedade. O mais importante disso tudo é o perdão verdadeiro, sem sequelas. Eles voltaram a ser amigos e estão participando do projeto social, propagando a história de vida deles para outras pessoas”, concluiu o advogado.

Portal Correio

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