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Era uma manhã como outra qualquer, a equipe do SAMU/Patos sai para uma ocorrência de mal-estar, porém, a situação é mais complexa. O local é de extrema pobreza! O casebre insalubre deixa claro que ali a fome se faz presente quase sempre.

Um jovem meio sem saber o que fazer diz que é o esposo da garota. Um senhor de meia idade, bêbado, fica ao lado da moça e não diz coisa com coisa. Todo o ambiente é degradante, mas é o lar.

Na cama, a jovem diz a enfermeira que está tonta, não comeu nada e se sente sem ânimo. A enfermeira verifica os sinais vitais e confirma que estão normais. “Você tem que comer alguma coisa! Tem que se alimentar”, orienta a profissional de forma amiga e ainda pergunta: “Você bebeu? Usou alguma droga…? A jovem diz que não, no entanto, se verifica pelas marcas que pode ser uma negativa de algo que está evidente.

Penso comigo! “Esse não é um caso de SAMU, mas sim de desespero social de alguém que sofre pela desgraça das drogas! ”. A enfermeira passa o caso com cautela, o médico pede para que sejam feitas algumas injeções vitamínicas e orienta que se alimente…a jovem fica em casa no mesmo local que a encontramos. Saio pensativo, triste em presenciar tal situação de pobreza em meio ao vício.

Que mundo de merda para milhões de pessoas. Ainda existem os que dizem que a culpa é da vítima. Relatam que “entrou na droga porque quis”. Não compreendem um contexto social que empurra para esse caminho. Os que não entram nessa desgraça são heróis, pois seja lícita ou ilícita, o número de pessoas no vício é cada vez mais alarmante.

Me veio à mente uma música de Gabriel O Pensador. Na música Tem Alguém Aí? Ele relata: “Droga é aquela substância responsável por tornar a sua vida aparentemente mais suportável”.

Para mim, a maior droga é o sistema em que vivemos que deve ser transformado para que uns não vivam na opulência e no luxo, enquanto outros vivem sem assistência e miseráveis.

Jozivan Antero – Jornalista e motorista do Samu, em Patos.

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