Cansaço é visível no rosto dos soldados do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais — Foto: Reprodução/TV Globo
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A Defesa Civil de Minas Gerais informou, no fim da tarde desta quarta-feira (30), que há 99 mortos e 259 desaparecidos após a tragédia provocada pelo rompimento de uma barragem da mineradora Vale em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). Neste sexto dia de buscas, a chuva forte fez com que houvesse interrupções pontuais nos trabalhos.

Dos 99 mortos confirmados até agora, 57 já foram identificados. Há ainda 259 desaparecidos. O número de pessoas desalojadas subiu de 135 para 175, segundo o governo de Minas Gerais.

A barragem de rejeitos, que ficava na mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, se rompeu na sexta-feira (25). O mar de lama varreu a comunidade local e parte do centro administrativo e do refeitório da Vale. Entre as vítimas, estão pessoas que moravam no entorno e funcionários da mineradora. A vegetação e rios foram atingidos.

Números da tragédia

99 mortos confirmados – 57 identificados

259 desaparecidos

192 resgatados

393 localizados

Os corpos resgatados da lama chegam ao Instituto Médico Legal (IML) em estado avançado de decomposição, disse delegado da Polícia Civil Arlen Bahia. “Então, a partir daí, principalmente em relação aos segmentos corpóreos, nós temos de montar um quebra-cabeça”, afirmou. Diante da impossibilidade de reconhecimento facial por por impressões digitais, exames odontológicos e de DNA começam a ser feitos para identificação das vítimas.

De acordo com o delegado, uma força-tarefa foi montada para agilizar a realização e divulgação desses exames. Ele afirmou ainda que, nesta quarta, o IML passou a fazer agendamentos para colher material para exames de arcada dentária e de DNA.

O porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, tenente Pedro Aihara, comentou as dificuldades do trabalho de buscas. “Em primeiro lugar, é bem impactante. Pela força da lama, muitas vezes não é possível encontrar o corpo íntegro. Muitas vezes, são localizados segmentos de corpos”, descreveu. Segundo ele, o fato de o ambiente estar “tomado de lama” torna difícil diferenciar corpos humanos de outras matérias orgânicas ou animais.

“Às vezes, na busca visual no sobrevoo [de helicóptero], como a gente tem aquele tom todo monocromático, isso também prejudica. Por isso que a gente utilizou uma série de equipamentos específicos. Os corpos que estavam no nível superficial – já foi feito o trabalho de recuperação deles. Agora entra numa característica mais técnica da operação, que a gente precisa fazer várias escavações.”

Aihara descreveu a lama como “um dos terrenos mais difíceis de se trabalhar” por ser um material “flexível, maleável”. Ao contrário do concreto, por exemplo, ela não permite o uso de maquinário pesado nas operações. “E também ela é mais difícil que a água – quando tem situações de enchente, de inundações –, porque água permite que a gente identifique os corpos com muita facilidade.”

Desde sábado (26), não são achados sobreviventes. Para os bombeiros, é muito pequena a possibilidade de achar alguém vivo em meio ao mar de lama.

G1

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