Foto: Reprodução.
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A estudante Aparecida Melo, 64 anos, tirou nota máxima no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e tem hoje seu tão sonhado Diploma de Teatro.

Jornalista, funcionária pública, dona de casa, mãe de três filhos, e formada em Jornalismo e Relações Públicas, Aparecida afirmou que sempre gostou de teatro desde pequena.

Na fase adulta, seguiu adaptando o gosto pela representação ao trabalho. Nunca conseguiu ficar totalmente distante das artes. Participou de diversas oficinas, fóruns, cursos. Ainda hoje, faz trabalhos manuais e voluntários na área.

“Organizo o meu tempo conciliando família, trabalho e lazer. Com a implantação e funcionamento do curso de Teatro pela UFPB, assim que pude, voltei a estudar. Estou muito feliz pelo Bacharelado em Teatro. É muito prazeroso fazer o que gostamos. No próximo semestre, estarei concluindo pós-graduação em Arte-educação. Acredito e gosto do que faço”.

“Estudar a história do teatro, com suas especificidades, me trouxe muitas alegrias. O curso é encantador, transformador, potencializador, tem identificação com minhas referências e convicções”, contou ela.

“É preciso seguir em frente, não deixando e nem permitindo que julgamento de ninguém destrua nossos sonhos. É necessário lutar com dignidade, ser fiel ao nosso coração sem medo de ser feliz. Esse é o primeiro passo. Somente nós mesmos podemos realizar nossos próprios desejos”.

Recentemente, participou do curta Devir, com direção de Jackson Dutra, uma realização do curso de Cinema e Audiovisual da UFPB. “Quando li o roteiro, foi bastante impactante, até pensei em não aceitar o convite tamanho foi o susto das nuances para interpretar a matriarca da família. Na segunda lida, caí na real, desencanei, pois quem estaria ali não seria a minha pessoa, e sim a personagem, eu apenas estava me dando a oportunidade de vencer desafios. Foi maravilhoso em todos os sentidos”.

Para melhorar ainda mais o curso, no seu ponto de vista, as salas utilizadas precisam de mais infraestrutura, como ar condicionado em pleno funcionamento, além de limpeza periódica. “Temos muitas atividades corporais. O clima quente desencadeia tontura, dores de cabeça, mal-estar. Precisamos de bebedouros funcionando, sanitários sem vazamento, salas de estudo, verba para montagem de espetáculos”, reclama.

Em um contexto recente de possível censura no campo do teatro, realizada por organizações como Centro Cultural Banco do Brasil e Caixa Cultural, Aparecida Mélo pensa que, de modo geral, é algo delicado. “Quando a tratativa agrega violação dos direitos humanos, gera uma dicotomia exaustiva e desconfortante para todos”.

Sobre a ideia de somente atores profissionais poderem exercer a atividade, para ela, ator profissional deve ter formação acadêmica ou de nível técnico, embora também existam os autodidatas.

“É necessário ter registro profissional e se sindicalizar, se envolver com as atividades do seu sindicato. Independente do nível, todos precisam estudar bastante, ser coletivo, ter compromisso com a equipe de trabalho e com o público. Fazer teatro é ser plural, estar de prontidão em benefício da arte, com responsabilidade, ter humildade, autoconhecimento e ética”.

Para o futuro, deseja estudar bastante, dar continuidade ao que faz no teatro, cinema e literatura. “Tenho 272 poemas. Quero fechar um bloco de 300 e participar ativamente de pesquisas culturais, acadêmicas e de figurino teatral. Também estou com dois projetos em fase de estruturação para deslanchar no ano que vem”.

ClickPB com Ascom/UFPB

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