Luiz Henrique Mandetta (Foto: reprodução/Facebook)
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Na entrevista de balanço dos 30 dias de casos do novo coronavírus no Brasil, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, contrariou várias vezes o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), dizendo que é preciso aumentar e uniformizar as medidas de isolamento no país.

Além de defender uma uniformidade no isolamento pelo país, Mandetta ainda rebateu o presidente Bolsonaro em ao menos outros três pontos:

  • Comparação entre a Covid-19 e H1N1;
  • Jovens e a doença;
  • Uso da cloroquina.

O que disse o ministro?

Mandetta disse que o isolamento já está funcionando, que se as pessoas saírem ao mesmo tempo, faltará equipamentos de proteção para os médicos e outros materiais que precisam ser importados da China.

O ministro refutou também outro ponto que o presidente e seus apoiadores gostam de citar: que a covid-19 e a h1n1 têm semelhanças entre si.

O chefe do SUS disse também que os mais jovens também estão suscetíveis à doença e também devem se preservar, ainda que tenham sintomas mais leves, pois podem pegar a doença e transmití-la.

Mandetta também disse que a cloroquina “não é o remédio que veio para salvar a humanidade, ainda”.

Falta de equipamentos

Segundo Mandetta, se todo mundo sair para a rua ao mesmo tempo, faltarão equipamentos para todos. “Seja pro patrão, seja pro empregado”.

que ainda não foram trazidos ao Brasil, pois será necessário ajustar logística e fretar aviões, por exemplo.

“A gente vai ter que contratar aviões para embarcar produtos na China, para sair de lá e trazer para cá. Mais um motivo para as pessoas ficarem em casa. Porque se todo mundo sair ao mesmo tempo, vai faltar equipamentos”, disse o ministro sobre as dificuldades para importar produtos na China, que saiu do isolamento há poucos dias.

Isolamento já abriu vagas em UTI

Mandetta também disse que as medidas de isolamento já estão contribuindo para diminuir a ocupação de leitos de UTI pelo Brasil, pois estão diminuindo o número de acidentes e de leitos ocupados por vítimas de politraumatismo. Segundo o ministro, o Brasil tem um bom número de leitos, mas com taxa de ocupação alta.

“Quando a gente manda parar, diminuem acidentes, diminuem traumas e aumentam leitos de UTI quando precisarmos. Diminuem politraumatizados na UTI e aumenta espaço para os internados por viroses. Ou seja, mais um benefício quando a gente manda parar, além de diminuir a transmissão”, disse.

Vai mostrar exame, se testar positivo

O ministro foi também enfático sobre as medidas de combate à transmissão entre sua equipe e disse que vai mostrar seu exame, caso teste positivo para Covid-19, numa atitude frontalmente oposta à do presidente que se nega a mostrar o terceiro exame para detecção do vírus feito por ele em Brasília.

“Se eu testar positivo, pode ter certeza que eu vou vir aqui [e vou mostrar]”, disse.

Mandetta também reforçou que o SUS é uma instituição tripartite e que depende do governo federal, dos estados e dos municípios para funcionar, e que o sistema vai trabalhar unido.

Contra Bolsonaro

As declarações se opõem frontalmente às de Bolsonaro que defende a diminuição das medidas de restrição e que chegou a lançar a campanha publicitária “O Brasil Não Pode Parar”, para que o Brasil volte às ruas e que estimulou uma onda de carreatas em várias cidades e estado que pedem a reabertura total do comércio.

O MPF (Ministério Público Federal) ajuizou ontem (27) uma ação civil pública para proibir a campanha. E a Justiça Federal do Rio de Janeiro concedeu hoje (28) uma liminar atendendo o pedido do MPF.

UOL

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