Daniel Beltrammi, secretário executivo da SES, explicou que as recomendações para não usar medicamentos em pacientes leves ou moderados da Covid-19 continua — Foto: Reprodução/SES
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O Governo da Paraíba não vai recomendar o uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina para pacientes em casos leves ou moderados mesmo após um novo protocolo do Ministério da Saúde, divulgado na quarta-feira (20), liberar o uso da substância no SUS. O secretário executivo de Gestão da Rede de Unidades de Saúde, Daniel Beltrammi, afirmou nesta quinta-feira (21) que por falta de comprovação científica, não vai adotar o protocolo.

A mudança no protocolo era um desejo do presidente Jair Bolsonaro, defensor da cloroquina no tratamento da doença causada pelo novo coronavírus. Não há comprovação científica de que esse remédio seja capaz de curar a Covid-19. Estudos internacionais não encontraram eficácia no medicamento, e a Sociedade Brasileira de Infectologia não recomenda a utilização.

O protocolo da cloroquina foi motivo de atrito entre Bolsonaro e os últimos dois ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. No intervalo de menos de um mês, os dois deixaram o governo.

Para Daniel Beltrammi, a nota foi produzida pelo Ministério da Saúde, mas não tem nenhuma assinatura técnica responsável, colocado sobre o médico toda a responsabilidade para prescrição dos medicamentos listados e também sobre o paciente, que é obrigado a assinar um termo assumindo os riscos do uso de uma substância que não tem eficiência comprovada e acarreta em efeitos colaterais.

De acordo com Beltrammi, o próprio Ministério da Saúde escreve que não tem efeito comprovado e tem diversos efeitos colaterais. “Então a nossa recomendação [Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba] é manter as práticas que estamos fazendo, até que nós tenhamos qualquer outra comprovação de alguma medicação efetiva, que nesse momento não existe”, explicou.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) da Paraíba segue a orientação do Centro de Evidências Científicas da pasta de que a cloroquina ou a hidroxicloroquina não devem ser usadas para tratamento da Covid-19, principalmente em casos de pacientes de quadro clínico leve ou moderado. No entanto, segundo a pasta, os médicos são soberanos em relação a receitar ou não remédios para pacientes com coronavírus.

O Ministério da Saúde divulgou nesta quarta-feira (20) o protocolo que libera no SUS o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina até para casos leves de Covid-19. Até então, o protocolo previa os remédios para casos graves. O texto mantém a necessidade de o paciente autorizar o uso da medicação e de o médico decidir sobre a aplicar ou não o remédio. A cloroquina não está disponível para a população em geral.

“Nesse momento todas as drogas que utilizamos, seja anticoagulante, sejam drogas de suporte à manutenção do equilíbrio da dinâmica dos pacientes, são todas para pacientes que estão hospitalizados. Na forma que estamos utilizando têm respaldo científico”, concluiu Daniel Beltrammi.

O secretário executivo de Gestão da Rede de Unidades de Saúde alertou que os pacientes leve ou moderados, bem como os casos suspeitos da Covid-19, não pratiquem automedicação, porque os efeitos colaterais não são conhecidos. “No caso de qualquer desconforto mais sério, procure um médico para que você seja acompanhado”, declarou.

G1 PB

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