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“A alteração do protocolo sobre o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19, realizada, esta semana, pelo Ministério da Saúde, teve repercussão negativa entre especialistas da saúde. Apontado como “ditatorial”, o protocolo, que antes previa o uso para casos graves da doença, passou a permitir que também seja ministrado em casos leves, com recomendação médica e autorização do próprio paciente ou família. A falta de comprovação científica e os efeitos colaterais graves provocados pela substância são apontados como os pontos mais críticos da decisão”. (Correio Braziliense)

Tenho uma irmã médica e um filho médico, mas de medicina só entendo ler a receita e tomar o remédio. Mas como jornalista há mais de quarenta anos, aprendi a prestar a atenção nas coisas e a fazer perguntas. E tenho visto na imprensa uma série de notícias sobre pesquisas do mundo inteiro em que o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina em pacientes acometidos do coronavírus é desaconselhada por não ter sido provado até hoje que o medicamento funcione nos casos da Covid-19. Não só não há provas de curas com a cloroquina, como, pelo contrário há evidência de efeitos colaterais que podem levar até à morte.

Estranho que um dos grandes defensores da cloroquina, o presidente americanos Donald Trump não tenha conseguido, até hoje, convencer os médicos americanos dos efeitos positivos do medicamento nos milhares dos seus conterrâneos que  têm morrido com a Covid-19.

No Brasil foram registrados já vários casos de pessoas que foram tratados com a cloroquina que terminaram morrendo. Enquanto dois Ministros da Saúde preferiram entregar os cargos a adotar o uso da cloroquina no tratamento da pandemia com o qual vem insistindo o presidente Bolsonaro.

E agora, com a mudança do segundo ministro, o Ministério da Saúde mudou o chamado protocolo passando a autorizar o uso da cloroquina nos casos leves da doença. “Protocolos clínicos são guias de sugestões de condutas técnicas. São “modelos” que servem para orientação dos profissionais de saúde em determinadas situações”. Uma espécie de checklist das formas de tratamento da doença,

A desculpa dos que defendem do medicamento é que a cloroquina é recomendada em algumas doenças, só que até agora não se encontrou nenhuma prova de que ela seja benéfica para quem tem o coronavírus, embora tenha muitas “fake News” alardeando curas. Parece que tem gente querendo enganar a si mesmo.

Pode-se opor a este argumento, de que o medicamento é indicado para outras doenças, a informação de que antigamente a estricnina chegou a ser usada em pequenas quantidades como laxante ou no tratamento de problemas estomacais, mas depois foi abandonada pela medicina pelos riscos que acarreta, pois é, na verdade, um veneno. A cloroquina não é certamente um veneno, mas só vinha sendo utilizadas em determinadas doenças e sob controle médico.

Aliás, a insistência de determinados setores para que se use a cloroquina se torna mais suspeita com as condições estabelecidas no novo protocolo do Ministério da Saúde para autorizar o uso do medicamento. A exigência de que o produto seja prescrito pelo médico que está assistindo ao doente e que o doente ou familiar autorize a sua utilização. “Assim, fica a critério do médico a prescrição, sendo necessária também a vontade declarada do paciente”, completa o protocolo. Ou da futura viúva.

Que determinados medicamentos só podem ser usados com prescrição médica é coisa comum. Mas, quantas vezes já exigiram que você assinasse um termo de consentimento para que lhe administrassem um determinado remédio? Nem o Viagra, que já matou tanta gente, tem exigência de termo de consentimento para utilizá-lo. Aliás, no caso do Viagra, não precisa nem de prescrição médica.

Se um remédio fosse eficaz e garantido acho que não precisava de autorização do paciente ou pessoa da família para o seu uso no tratamento de sua saúde. Você tem coragem de se arriscar? Eu jamais o faria. A não ser que de tão mal, não tivesse mais condições de me manifestar. Aí ia depender da consciência do parente mais próximo. (LGLM)

Luiz Gonzaga Lima de Morais

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