Gêmeos cearenses no primeiro abraço após 23 anos, no saguão do aeroporto de Uberlândia (MG) — Foto: Carol Polato/Arquivo pessoal
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“Eu não consigo explicar a sensação. A sensação do abraço. O abraço do irmão que eu até então só tinha tido contato na barriga”, disse emocionado Tomaz Maranhão após encontrar o gêmeo Gabriel Ferreira na noite desta quinta-feira (25) pela primeira vez em 23 anos e comemorarem o aniversário juntos.

Nascidos em uma família pobre no Ceará, os dois foram adotados por pais diferentes e viveram sem notícias um do outro até este ano, quando Tomaz localizou Gabriel por meio de uma fotografia. O primeiro encontro virtual ocorreu em junho.

Mas o primeiro abraço só ocorreu por volta da 0h desta quinta, no aeroporto de Uberlândia (MG), onde Tomaz, que mora em Fortaleza, desembarcou minutos antes. Era uma surpresa – Gabriel, que mora na cidade mineira vizinha, Uberaba, não sabia que receberia primeira visita do irmão gêmeo, justamente no dia do aniversário deles, comemorado neste dia 25 de junho.

A viagem e o encontro

Sobre a viagem , Tomaz contou que saiu de Fortaleza às 14h50 e fez duas escalas, sendo uma em Recife (PE) e outra em Campinas (SP). Depois, seguiu para Uberlândia (MG). Para ele, este último apesar de ter tido um tempo menor, foi o que mais durou.

“O voo que mais demorou foi de Campinas pra Uberlândia porque acho que a ficha estava caindo quando eu estava a 30 minutos do meu irmão. O último voo durou uma hora, mas pareceu uma eternidade, não via a hora de o avião descer”, contou.

Quando o avião pousou, Tomaz contou que não entrou de imediato no saguão de espera, ficou na pista de pouso e foi abordado por um senhor que chegou perto dele, começou a conversar e ele comentou o que estava acontecendo. “Eu estava nervoso, aí o senhor começou a falar muitas coisas pra mim, que o encontro seria muito lindo. Em seguida entrei no saguão e a primeira pessoa que vi foi a Carol [esposa de Gabriel]. O meu irmão Gabriel estava de costas porque ele estava conversando com um amigo dele”, relatou.

Foi então que Tomaz contou como foi a “armação da surpresa”. “Este amigo levou ele pra lá dizendo pra ele que estava indo pra fotografar uma pessoa que estava chegando de viagem. Só que ele não sabia que esta pessoa era eu. Só sabia que ele tinha de fazer um freelancer. Aí quando cheguei, o Gabriel estava de costas e não percebeu a minha chegada. Aí a Carol perguntou pra ele: ‘Gabriel, quem é esta pessoa atrás de você?’. Foi quando ele virou e não me reconheceu de imediato, ficou alguns segundos sem entender. Só depois caiu a ficha e a gente se abraçou”, lembrou emocionado.

Depois, Tomaz e Gabriel pegaram estrada e foram para Uberaba, cidade a 100 Km de distância.

História

Em 25 junho de 1997, a cearense Liduina deu à luz gêmeos idênticos mas não tinha condições de criá-los. Moradores da comunidade do bairro Padre Andrade, na periferia de Fortaleza, ela e o companheiro, pai dos dois meninos, tomaram então a difícil decisão de entregá-los para adoção poucos dias após o nascimento.

Tomaz foi adotado por uma família no Ceará; Gabriel, adotado por uma família em Minas Gerais. “A gente cresceu sabendo que era adotado e que tinha um irmão gêmeo”, afirmou Tomaz.

A pista principal para unir os irmãos partiu de uma fotografia – coincidentemente, ambos atuam como fotógrafos. Aos 16 anos, Tomaz, adotado por Socorro Maranhão, foi apresentado a sua mãe biológica, e dela ganhou a imagem que se indicaria um caminho importante.

Ao longo dos anos, inúmeras foram as vezes em que Tomaz – que trabalha como assessor da coordenação geral do Museu da Fotografia de Fortaleza – recorreu às redes sociais para procurar o irmão, mas não teve sucesso em nenhuma delas.

Até que, em 1º de junho de 2020, ele teve um estalo: atrás da fotografia que Liduina havia lhe dado, havia o nome da mãe adotiva de Gabriel. E foi a partir daí que ele resolveu reiniciar as buscas no Facebook. Em menos de 30 minutos, localizou o perfil de Vanda, após filtrar por cidade e identificação nominal.

O contato com a família adotiva do irmão se deu por intermédio de uma policial civil, Nivia, que falou com a mãe adotiva do irmão.

Gabriel – que não tinha nenhuma pista do irmão até esta data – ficou sabendo que havia sido encontrado por Tomaz por meio de uma ligação da mãe adotiva durante o expediente. Veja matéria completa no G1.

 

G1 CE

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