Engenheiros e médicos da USP se unem à empresa e desenvolvem ‘almofadas’ hospitalares (Fotos: divulgação/FOM)
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Engenheiros e médicos da Universidade de São Paulo (USP) se uniram a uma empresa nacional para desenvolverem “almofadas” hospitalares anatômicas para pacientes graves com Covid-19, que precisam ser entubados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

Há mais de um mês, os equipamentos vêm sendo testados em doentes com o vírus que estão em respiradores na UTI no Hospital das Clínicas (HC) da USP, no centro da capital. Os resultados dos testes serão encaminhados para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que poderá autorizar a produção comercial do produto.

Inicialmente, 400 “almofadas”, conhecidas no meio médico como coxins, foram produzidas pela FOM, fabricante de encostos e pufes. Depois foram doadas pela empresa ao HC para ajudarem pacientes com síndrome respiratória aguda grave (SRAG).

O objetivo de se usar “almofadas” é reduzir o número de ferimentos e traumas ortopédicos.

Entubados

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Modelos das almofadas hospitalares usadas em pacientes — Foto: divulgação/FOM

Como têm de ficar entubados, de barriga para baixo, para melhorar a oxigenação dos pulmões, muitos desenvolvem escaras, as chamadas lesões devido ao atrito com a cama. E também sentem dores nos pescoços.

“Escaras sacrais também são um risco importante de pacientes internados em UTI e as almofadas poderão ser úteis nesses pacientes também”, disse ao G1 a médica Maria José Carmona, coordenadora de UTIs da USP.

A criação das almofadas que estão sendo testadas no HC faz parte da parceria público-privada do Projeto Prona. Ela surgiu devido à falta do produto similar no mercado nacional e à dificuldade de importação dele.

Participam do projeto a Faculdade de Medicina e a Escola Politécnica da USP e a FOM, empresa com sede em São Paulo.

Parceria

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Almofadas hospitalares foram desenvolvidas na capital paulista para pacientes graves com Covid-19 — Foto: divulgação/FOM

“As almofadas foram solicitadas e produzidas pela FOM em parceria com a Poli USP para serem usadas em pacientes que necessitam de pronação durante o tratamento da COVID-19”, explicou a médica Maria José.

A “pronação” é a posição de bruços. Essa técnica de deixar o paciente com a barriga para baixo durante a ventilação mecânica também vem sendo usada por hospitais de outros países como forma de tratamento contra o coronavírus.

“Os coxins desenvolvidos pela FOM foram pensados para melhorar a qualidade de internação dos pacientes em estado crítico, que necessitam ser entubados”, disse Suzana Carvalhaes, diretora de produto e marketing da FOM.

Segundo a empresa, as “almofadas” são feitas com microesferas de poliestireno expandido que se moldam ao corpo, dando o suporte necessário para que os pacientes fiquem em pronação, “aumentando suas chances de sobrevivência e evitando danos a pele, diminuindo assim o tempo de internação”.

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Esse modelo de almofada tem espaço para o paciente colocar a cabeça e ombros em qualquer posição — Foto: divulgação/FOM

O uso de “almofadas” em hospitais não é novo. Elas já eram usadas em operações de coluna, por exemplo. A novidade agora está no uso dele exclusivamente para doentes por Covid-19.

“Somos uma empresa de conforto e bem-estar, no entanto nunca atuamos na área hospitalar. Foi um desafio desenvolver, em parceria com médicos e engenheiros e de forma tão rápida, produtos que nasceram do zero”, falou Suzana.

Foram desenvolvidos 100 kits, cada um com quatro peças de “almofadas”. Eles dão suporte para o tórax, os pés, a lombar e a cabeça, permitindo que o paciente fique com o pescoço reto ou para os lados, mesmo quando entubado.

Doação

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Essa almofada apoia a coluna do paciente — Foto: divulgação/FOM

A FOM produziu os kits por cerca de R$ 20 mil e doou ao HC. “O investimento foi de aproximadamente R$ 200 por kit”, disse Guel Lafer Rabinovitch, diretor da empresa.

Os resultados dos testes das ‘almofadas’ com pacientes serão levados futuramente para a Anvisa. “Estão em uso, por necessidade. A avaliação para a Anvisa será iniciada em breve”, disse a médica Maria José.

“Quando aprovados, pretendemos escalar a solução para toda rede privada e pública do pais”, falou Guel Rabinovitch.

G1 SP

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