Clayton Tomaz Souza (Alph) - Foto: reprodução/redes sociais
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O estudante Clayton Tomaz Souza, conhecido com Alph, foi encontrado com marcas de tiros, em uma mata às margens de uma estrada em Gramame, em João Pessoa, no dia 8 de fevereiro. Desde então, a família sente saudades do filho caçula e espera por Justiça.

“O caso está em investigação e para preservar o sigilo das investigações a gente não tá comentando nada. Estamos realizando exames, esperando alguns laudos e não é oportuno tá comentando, pelo menos por enquanto”, disse o delegado Carlos Othon, que era o responsável pelo caso até deixar a Delegacia de Homicídios de João Pessoa.

Atualmente, o delegado Alexandre Fernandes é o responsável pelo caso. De acordo com ele, as investigações estão sendo encaminhadas e aguarda um laudo pericial de DNA. “É uma situação muito delicada, inclusive com a família dele.”

Filho de Genoveva e André, irmão caçula de Alexsandra, Clayton “era uma criança que já se destacava entre as demais”, segundo a família. “Clayton foi nosso segundo filho, era sempre alegre, vivia intensamente, gostava de ler, era brincalhão, muito verdadeiro, corajoso e determinado no que fazia”, disse Genoveva Tomaz de Sousa.

Desde cedo, ele se envolveu com atividades em prol da comunidade. “Quando criança já se preocupava em ajudar os mais necessitados, era missionário e participava de grupos da Igreja Católica, fazia campanhas para arrecadar alimentos, roupas e remédios para doações”, disse a mãe.

Natural de Arcoverde, interior de Pernambuco, Clayton veio para João Pessoa para estudar Filosofia, curso que sempre sonhou fazer. O jovem já tinha sido aprovado em universidades de Recife, mas devido ao custo de vida mais alto na capital pernambucana e por ser de uma família simples, escolheu morar na Paraíba em 2014 após aprovação na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

“Alph era muito vivo”

Clayton, conhecido como Alph em João Pessoa, integrou o Centro Acadêmico do curso de filosofia, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e o Conselho Superior Universitário. Durante a graduação, o jovem publicou nas redes sociais denúncias sobre a equipe de segurança da UFPB.

À família, Alph contou que sofria ameaças. “Durante seu tempo na UFPB, ele sempre lutou por Justiça em favor dos estudantes. Ele sempre falava que estava sendo ameaçado e que jamais iria desistir dos seus objetivos”, disse a mãe.

Um amigo de Alph, que pediu ao G1 para não ser identificado, relata a situação que presenciou com o parceiro. “Vi e vivi várias perseguições de guardas, algumas vezes por motivo pessoal, outras por perseguição política”, disse.

Ele conta que os dois se aproximaram para tentar reativar o Centro Acadêmico (CA) de filosofia, que estava parado há nove anos. Segundo ele, Alph era muito alegre, proativo, popular e engajado, participando até de reuniões de departamento do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA), somente com professores, para representar interesses dos alunos.

“Era um ótimo amigo! Eu convivi com ele desde 2015, desde os meus primeiros dias de UFPB. Era também conhecido por ter amizades com grupos alheios e até rivais, era um sujeito bastante pragmático, hiperativo, e elétrico. Alph era muito vivo”, afirmou.

Entretanto, houve um distanciamento na amizade pouco antes do assassinato, devido às ligações de Alph com a militância política na universidade.

Segundo a família de Alph, o estudante planejava cursar direito após se formar em filosofia, para continuar lutando por Justiça. Porém, em 6 de fevereiro, ele desapareceu e dois dias depois o corpo foi encontrado com uma perfuração na nuca causada por arma de fogo.

“Foi muito difícil para nós quando recebemos a notícia do desaparecimento dele, veio logo na nossa mente tudo que ele nos falava sobre as ameaças que vinha recebendo”, conta a mãe.

Com tristeza e indignação, a família aguarda há mais de 7 meses que a morte de Alph seja esclarecida. “Até hoje tudo tem sido muito difícil… A cada dia aumenta a saudade dos momentos que estivemos juntos. Não desistiremos jamais de ir em busca de resposta”.

Para homenagear Alph, a família e amigos do estudante criaram um projeto solidário chamado ‘Ele lá e nós aqui’ para ajudar as pessoas carentes em Arcoverde.

Desaparecimento de suposta companheira

Nas redes sociais, estudantes da UFPB denunciaram em um grupo o susposto desaparecimento de Selena Foxx, dita por alguns como companheira de Alph. Apesar do delegado Alexandre Fernandes confirmar a ligação entre os estudantes, ele não confirma que os dois eram um casal. Já a família de Alph, nega que eles tinham um relacionamento.

Além disso, o delegado responsável pela investigação diz que Selena não estaria sumida. De acordo com ele, quando saiu na imprensa que Selena estava desaparecida, a mãe dela registrou o fato em um BO (boletim de ocorrência). Logo depois, a estudante entrou em contato com a família. A Polícia Civil relatou também não poder dar mais detalhes sobre o caso.

G1 PB

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