O Concurso Vinhos e Destilados é independente e tradicional para o setor. A premiação foi pela Internet, dia 28 de outubro (Foto: reprodução)
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Cinco cachaças produzidas na Paraíba foram laureadas com medalhas de Prata e Ouro na 19ª edição do Concurso Vinhos e Destilados do Brasil, 2020. A Umburana do Engenho Nobre, a Baraúna Carvalho, do Engenho Baraúna, ganharam medalhas de Ouro. E a Baraúna Umburana, também do Engenho Baraúna; a Gregório Premium, da Agroindústria Engenho Gregório de Baixo e a Pai Vovô, da Fazenda Aliança Indústria de Aguardente, conquistaram medalha de Prata.

Conforme apurou o ClickPB com informações da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba, o concurso foi realizado este ano de forma não presencial, o que diminuiu os custos para os participantes e possibilitou maior número de inscrições. As medalhas são concedidas a 30% dos inscritos, conforme as regras internacionais desse tipo de concurso, seguido pelos organizadores do concurso. Os jurados são escolhidos de acordo com o notório saber enológico e pessoas conhecedoras que também tenham potencial de atuar como influencer junto à sociedade.

Para Murilo Coelho, do Engenho Nobre (Cruz do Espírito Santo), “quando o produtor consegue uma medalha em um concurso como esse tem o reconhecimento do trabalho que vem desenvolvendo. O Engenho Nobre tem o objetivo de produzir cachaça de excelência, para quem gosta de bebida boa. A Nobre Umburana é um produto diferente, encorpado, que não tem diluição com cachaça branca. Foi uma aposta em uma cachaça marcante que trouxe esse resultado.”

O arranjo produtivo da cachaça é um dos setores que integra o plano de governo de João Azevêdo para a área de inovação. Além de destinar crédito por meio do Programa Empreender, através do qual Murilo Coelho investiu em equipamentos para o Engenho Nobre, o governo da Paraíba irá apostar no desenvolvimento científico.

Segundo o presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba, Roberto Germano, a Fapesq irá financiar dois projetos de pesquisa, selecionados por meio de editais, para estudos da caracterização das leveduras usadas na fabricação da cachaça e da verificação das qualidades físico-químicas das bebidas; além da preparação de um painel treinado de análise sensorial das cachaças registradas na Paraíba, que fará análises das qualidades sensoriais das cachaças. “Os estudos irão beneficiar a todos os produtores registrados, inclusive os integrantes da Associação Paraibana dos Engenhos de Cachaça de Alambique. E para o próximo ano estamos organizando, em parceria com o Sebrae-PB, a realização do II Congresso Nacional de Cachaça e o II Salão de Negócios da Cachaça em João Pessoa”, afirma Roberto Germano.

A ciência já é usada no Engenho Baraúna (Alhandra) para a seleção de leveduras. Alexandre Amorim Rodrigues, Diretor do engenho, explicou que a empresa participou de estudos feitos pela Universidade Federal de Pernambuco que seleciona as melhores leveduras através de análise de DNA. Estudos desse tipo serão feitos na Paraíba. “Usamos técnicas na extração do caldo de cana e mantemos a tradição dos alambiques na produção”, revela Alexandre Amorim. “Em outra parceria, com a UFPB, fizemos treinamento na parte de bebidas alcóolicas, o que capacitou nossa equipe. O Sebrae (PB) também foi um parceiro estratégico em consultorias para o registro de marca, escolha do nome, por exemplo”.

Desde a logística da cana-de-açúcar, o envelhecimento, envasamento… O cuidado em todas as etapas da produção é essencial. “A cana que usamos é produzida por nós; cortada, transportada e moída num período de 24 horas, possibilitando  uma fermentação sadia. A levedura utilizada no nosso processo de fermentação é a caipira ou seja ela é encontrada na própria cana. Uma cachaça é denominada de Cachaça Premium quando ela é descansada em barris de até 700 litros, por um período mínimo de um ano e colocada direto nas garrafas, sem adição posterior de cachaça branca, segundo a legislação do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento)”, salienta Alexandre Lemos, quinta geração da família do Engenho Gregório, de Alagoa Grande, “conhecido na região, desde a época dos meus bisavós por ter uma cachaça pura de aroma espetacular, onde, desde aquela época, pessoas vinham de longe comprar a cachaça”.

“Um prêmio como este atesta a qualidade do produto e agrega valor. Nossa produção é 100% orgênica. Temos o Selo Orgânico, tanto nacional quanto da União Europeia. Usamos energia solar; a matéria residual é totalmente reaproveitada sem causar impactos ambientais na produção”, informa Bruno Abrantes, Gerente da Cachaçaria Pai Vovô (Sousa).

O Concurso Vinhos e Destilados é independente e tradicional para o setor. A premiação foi pela Internet, dia 28 de outubro.

Philippe Ramalho – ClickPB

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