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O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, reafirmou hoje, após aval da Anvisa ao uso emergencial dos imunizantes CoronaVac e AstraZeneca, que o plano nacional de vacinação começará na próxima quarta-feira (20), às 10h. A distribuição das doses terá início amanhã (18), às 7h, com o apoio do Ministério da Defesa, que ficará responsável pelos deslocamentos aéreos.

Apesar da confirmação do cronograma, Pazuello não revelou quantas doses serão encaminhadas aos estados a partir de amanhã. As secretarias de saúde serão responsáveis por estabelecer prioridades de vacinação e também por distribuir os imunizantes aos municípios.

A vacinação mediada pelo Ministério da Saúde começará com a aplicação da CoronaVac, produto concebido pelo laboratório chinês Sinovac e desenvolvido e fabricado no Brasil pelo Instituto Butantan (SP).

O anúncio ocorre no meio de uma disputa política entre o governo federal e o governo de São Paulo, que esteve à frente da mobilização pelo avanço da CoronaVac nos últimos meses. O Ministério da Saúde alega que tem um contrato de exclusividade assinado com o Butantan e exige que SP envie imediatamente as seis milhões de doses que foram fabricadas.

O estado de São Paulo, por sua vez, quer manter em SP o volume proporcional de doses da CoronaVac a que tem direito de acordo com os critérios de proporcionalidade estabelecidos no Plano Nacional de Imunização.

Além disso, há uma divergência quanto aos cronogramas. O governo estadual quer iniciar a campanha de vacinação já amanhã (18), com pouco mais de 1 milhão de doses.

Na tarde de hoje, logo após depois do aval da Anvisa para uso emergencial das vacinas, o governador de SP, João Doria (PSDB), promoveu um ato simbólico com a aplicação da CoronaVac na enfermeira Mônica Calazans. Ela se tornou, portanto, a primeira pessoa a ser imunizada no Brasil.

O gesto deixou o ministro Pazuello extremamente irritado. À imprensa, o representante do governo Jair Bolsonaro (sem partido) acusou o tucano de promover uma “jogada de marketing” e o acusou de “deslealdade”.

Doria e Bolsonaro são adversários no atual cenário político e devem se enfrentar na eleição presidencial de 2022. O tema da vacina tem sido um dos pontos de embate entre os dois.

“Governadores, não permitam que movimentos políticos eleitoreiros se aproveitem da vacinação”, disse Pazuello na tarde hoje, sem fazer uma menção nominal a Doria.

Para Pazuello, o ato simbólico que ocorreu em SP é uma “quebra de pactuação” em relação ao Plano Nacional de Imunização, que, segundo ele, teve o consentimento de todos os governadores. “Quebrar essa pactuação é desprezar a igualdade entre os estados e entre todos os brasileiros construída ao longo da nossa história. É desprezar a lealdade federativa”, declarou.

Brasil aguarda chegada da vacina de Oxford

Enquanto começará a vacinação com as doses da CoronaVac que já estão disponíveis, o Brasil ainda aguarda a chegada de 2 milhões de dose do outro imunizante aprovado pela Anvisa, o da AstraZeneca, que foi desenvolvido na Fiocruz (RJ) em parceria com a Universidade de Oxford (Inglaterra).

A remessa do imunizante foi comprado de um laboratório indiano parceiro da farmacêutica AstraZeneca, mas a entrega acabou atraso devido a impasses na negociação entre os países e conflitos de natureza diplomática. Pazuello afirmou hoje que o problema será resolvido e que a carga deve chegar ainda no início desta semana.

“É muito provável que a gente consiga coordenar a entrega para o começo da semana. Estamos nas negociações diplomáticas para entrega. Todas medidas que cabiam ao governo federal foram executadas”, disse o ministro.

UOL

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