Profissionais de saúde são vacinados contra a Covid-19 com a CoronaVac nesta segunda-feira (18) no complexo do Hospital das Clínicas, no Centro de Convenções Rebouças, ao lado do hospital, na zona oeste da capital paulista. — Foto: Bruno Rocha/Enquadrar/Estadão Conteúdo
Compartilhe!

O governo de São Paulo vacinou 1.030 pessoas contra Covid-19 no estado até o início da noite desta segunda-feira (18), segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde.

A maioria das doses foi aplicada no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP na capital paulista, onde cerca de 850 profissionais foram vacinados desde o domingo (17). Nesta segunda, a vacinação também começou no em duas cidades do interior estado – em Botucatu, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), e em Campinas, Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Nesta terça-feira (19), a imunização deve começar nas seguintes cidades:

  • Ribeirão PReto – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP;
  • Marília – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília (Famema);
  • e São José do Rio Preto – Hospital de Base da Fundação Faculdade Regional de Medicina de São José do Rio Preto (Funfarme).

No total, cerca de 60 mil profissionais que atuam nesses hospitais serão imunizados com a CoronaVac.

A campanha de vacinação começou em São Paulo no domingo após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter aprovado o uso emergencial da CoronaVac no Brasil. A vacina é produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo paulista.

Segundo o governo, 112 profissionais foram imunizados no primeiro dia. Nesse grupo, estavam as duas primeiras brasileiras a serem vacinadas no país – a enfermeira Mônica Calazans e a técnica de enfermagem e assistente social indígena Vanuzia Santos.

O objetivo é, a partir desta terça, aplicar 8 mil doses por dia de vacinação.

Segundo a secretaria, a partir desta terça, grades de vacinas e insumos também serão enviados a polos regionais para redistribuição às prefeituras, com recomendação de prioridade a profissionais de saúde que atuam no combate à pandemia. Os municípios também deverão imunizar a população indígena com apoio de equipes da atenção primária do SUS, segundo as estratégias adequadas ao cenário local.

“Até a próxima sexta-feira [dia 22] teremos finalizado as entregas nos municípios e nos 25 centros de distribuição regionais para abastecer as 645 cidades do estado. Há cerca de três meses temos nos dedicado a organizar esta campanha, que agora começa com a priorização dos nossos heróis da saúde”, disse o Secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn.

Vacinação na capital paulista

A Prefeitura de São Paulo planeja continuar a vacinação contra Covid-19 nesta terça com profissionais de saúde que estão na linha de frente do combate ao coronavírus e também idosos que moram em asilos da capital paulista.

Nesta terça, o município deve receber 430 mil doses da CoronaVac, dando continuidade à vacinação iniciada domingo (17) no Hospital das Clínicas pelo governador João Doria (PSDB). No plano nacional de imunização (PNI), as vacinas são repassadas aos municípios, que têm a responsabilidade de aplicar as doses e controlar os grupos prioritários.

Segundo o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, assim que essas doses forem recebidas, a prefeitura começa imediatamente a imunizar 200 mil profissionais de saúde, das redes pública e privada, que atuam 24 horas por dia atendendo pessoas com suspeita ou confirmação de Covid-19. Também serão vacinados na primeira leva os 14.173 idosos que moram em asilos na capital.

Serão contemplados não somente profissionais de UTI e enfermaria, mas também aqueles que atendem os casos suspeitos nos seguintes locais: Unidade Básica de Saúde (UBS), Assistência Médica Ambulatorial (AMA) e Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Também vão ser contemplados funcionários do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

De acordo com o secretário municipal, a primeira remessa de vacina recebida pelo município não será suficiente para todos os cerca de 500 mil profissionais da área da saúde da capital. Por isso, serão priorizados aqueles que atuam na linha de frente.

“Neste primeiro momento, é o profissional 24 horas envolvido com tratamento da doença [Covid-19]. Como nós não temos a quantidade total de doses para poder administrar imediatamente em todos os profissionais, nós achamos melhor fazer um critério, e paulatinamente vamos vacinar os profissionais que correm mais risco”, disse Aparecido.

Estratégia estadual

O secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, disse nesta segunda que São Paulo tem doses de CoronaVac suficientes para imunizar 700 mil do 1,5 milhão de profissionais da saúde do estado.

“O nosso 1,4 milhão de doses que estão em São Paulo conseguem proceder a vacinação de 700 mil pessoas, porque eu preciso dar duas doses. Só nossa população de trabalhadores da saúde, 1,5 milhão de pessoas, precisam de 3 milhões de doses. Dessa maneira, precisamos de mais vacinas disponíveis”, disse à GloboNews secretário em entrevista (veja mais no vídeo).

Ele acrescentou que, além de 1,4 milhão de doses de CoronaVac presentes e liberadas no estado e das 5 milhões de doses que o Ministério da Saúde vai distribuir no país, há “mais 4,8 milhões de doses já prontas, só aguardando as liberações documentais pela Anvisa, e que também serão distribuídas”.

O Butantan deve entregar ao Ministério da Saúde 46 milhões de doses até abril, mas a produção está parada porque a matéria-prima para a produção da CoronaVac acabou. O instituto está aguardando a liberação dos insumos pelo governo chinês.

O estado de São Paulo possui cerca de 9 milhões de pessoas no grupo prioritário que vai receber as primeiras doses da CoronaVac, considerando os profissionais da saúde, os povos indígenas, quilombolas e os idosos. Para estes últimos, ainda não há uma data exata de imunização.

Início da vacinação

Neste domingo, a Anvisa autorizou, por unanimidade na equipe, o uso emergencial das vacinas CoronaVac e da Universidade de Oxford contra a Covid-19. A reunião que discutiu o tema durou cerca de 5 horas.

O diretor-presidente da agência, Antônio Barra Torres, fez um breve discurso no qual afirmou que, mesmo com o desenvolvimento de vacinas, a vitória sobre o coronavírus passa pela mudança do “comportamento social”.

Eficácia da CoronaVac

Os testes da CoronaVac no Brasil foram feitos em 12.508 voluntários – todos profissionais de saúde da linha de frente do combate ao coronavírus – e envolveram 16 centros de pesquisa.

A vacina registrou 50,38% de eficácia global nos testes realizados no país, índice que aponta a capacidade do imunizante de proteger em todos os casos – sejam eles leves, moderados ou graves.

O número mínimo recomendado pela OMS, e também pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é de 50%.

Na prática, a CoronaVac tem potencial de:

  • reduzir pela metade (50,38%) os novos registros de contaminação em uma população vacinada;
  • reduzir a maioria (78%) dos casos leves que exigem algum cuidado médico.

Além disso, nenhum dos vacinados ficou em estado grave, foi internado ou morreu.

G1 SP

Deixe seu comentário