UTI do Hospital Regional do Norte (Imagem: Tatiana Fortes/Governo do Ceará)
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Parte das igrejas quer permanecer com atividades presenciais, mesmo em meio aos recordes de mortes por Covid-19, para mostrar que a teologia que venderam antes da pandemia não é uma ilusão e, portanto, quem vier a seus cultos estará seguro e não tem com o que se preocupar. Com isso, coloca pessoas em risco.

A avaliação é do pastor Ricardo Gondim, presidente da Igreja Betesda, considerado referência entre os teólogos evangélicos. O templo de sua denominação religiosa, com capacidade para 2,3 mil pessoas, na Zona Sul de São Paulo, realizou o último culto presencial no dia 8 de março de 2020. Desde então, as atividades têm sido on-line, com exceção daquelas voltadas à assistência social, como a distribuição de alimentos e de cestas básicas aos atingidos pela pandemia.

A coluna, que havia conversado com ele há um ano, voltou para ouvi-lo sobre o funcionamento de cultos e missas presenciais neste momento.

“Há igrejas que prometeram, por muito tempo, que os seus membros iam ser protegidos, que há uma benção especial de Deus para os crentes, que aquele que serve a Deus tem uma certa ‘imunidade’ na vida, que Deus é salvamento, libertação e grande milagres. Diante de uma pandemia como essa, admitir que as pessoas estão vulneráveis e podem morrer seria negar todo o discurso de vários anos.”

Segundo ele, para manter a lógica que pregavam antes da pandemia, essas igrejas precisam continuar prometendo um grande milagre e uma grande benção. Mesmo que as pessoas estejam em risco.

Não há consenso entre líderes religiosos sobre o decreto do governador João Doria (PSDB), que considerou como essenciais as atividades religiosas, liberando o funcionamento de templos e igrejas no Estado de São Paulo, respeitados os cuidados sanitários, mesmo durante essa fase de restrições.

O Brasil registrou, apenas nos últimos sete dias, 10 mil mortos por covid-19 e hospitais públicos e privados estão à beira de um colapso. Em centros de ponta da capital paulista, como o Sírio-Libanês e o Albert Einstein, não há mais leitos UTI para Covid.

“Estamos diante do mesmo dilema da peste bubônica na Europa da Idade Média. Acreditava-se que os mosteiros eram santuários de proteção, mas eles se tornaram vetores de transmissão da peste, com padres e monges expostos à praga. Agora, a história se repete”, diz Gondim.

Uma cena transmitida pelo Profissão Repórter, da TV Globo, caracteriza as consequências disso. Uma mulher idosa foi convidada a usar máscara por uma profissional de saúde e respondeu que não precisava porque sua máscara era Deus.

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