Manifestantes se reúnem em frente ao Monumento Zumbi dos Palmares, no centro do Rio (Imagem: Jorge Hely/Estadão Conteúdo)
Compartilhe!

O ato antigoverno Bolsonaro no Rio de Janeiro reuniu milhares de pessoas, mas com uma tentativa frustrada de manter o distanciamento social durante a caminhada do Monumento a Zumbi dos Palmares, na avenida Presidente Vargas, no centro, até o Largo da Carioca, também no centro. O uso de máscaras foi quase unânime, sob um sol forte e temperaturas acima dos 30 graus.

Os organizadores do evento, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e o Povo na Rua, estimam que de 30 a 50 mil pessoas participaram ao longo do ato. A Polícia Militar, que chegou a dobrar o número de agentes no policiamento — no início eram 200 policiais —, informou que a estimativa não oficial é de que 5 mil pessoas participaram do protesto. Não houve registro de incidentes.

Vitor Guimarães, do MTST, falou que houve incentivo para o distanciamento entre os presentes e adesão da máscara pela maioria. Ao longo do ato, os organizadores pediam distanciamento, falando para os participantes esticarem os braços para evitar aproximação.

“Essas pessoas que estão aqui estão trabalhando, usando as barcas, trens, se aglomerando no metrô. Houve risco, mas aceitaram para uma vitória maior”, afirmou.

Pautas em defesa

No plano das reivindicações, representantes sindicais e de coletivos subiram no caminhão para discursar. Poucos políticos falaram no carro de som da organização, entre eles a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e a deputada estadual Renata Souza (PSOL-RJ). A atriz e poetisa Elisa Lucinda também discursou. “Todos aqui somos um pouco de Dandara e Zumbi”, afirmou a artista em discurso.

Entre as pautas, além do impeachment do presidente, tanto nas falas como em bandeiras, camisetas, faixas e adesivos, havia uma diversidade de reivindicações. Ganharam destaque pedidos por vacina, emprego e pela paralisação de processos de privatização, como da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio) e da Eletrobrás. Também houve pedido por apoio a instituições como a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Entre os participantes do ato estava o técnico em saúde pública, Luiz Mauricio da Silva Júnior, 34 anos, servidor da Fiocruz. “Estou aqui como servidor indignado, com o salário congelado, afetado diretamente por esse governo”, disse.

Outro motivo de indignação de Silva Júnior foi a atenção que recebeu a fala da secretária do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, na CPI da Covid, sobre a instituição. Ela confirmou a autenticidade de um áudio em que falava que havia um pênis inflável na porta da Fiocruz. “Foi uma fala infeliz, mas o principal é o contexto em que ela falou. Querem fazer uma intervenção na Fiocruz.”

Frente Evangélica

Representando os evangélicos que não concordam com o governo, o pastor Ismael Lopes, 30 anos, da Frente Evangélica pelo Estado de direito, afirmou que Bolsonaro está perdendo apoio dos evangélicos.

“São contra essa política racista e de morte desse governo. Na campanha em 2018 eram um terço de evangélicos contra ele. Hoje esse número está crescendo. Vejo isso nas igrejas. Com a pandemia, atendemos muita demanda de quem está com fome. Vejo o apoio dos evangélicos a ele caindo.”

Para Vitor Guimarães, do MTST e um dos organizadores do protesto, as demais demandas eram esperadas, mas o foco maior foi mesmo contra o presidente.

“Bolsonaro é mais perigoso que a pandemia. Queremos que ele caia. Nosso lema foi ‘povo na rua e CPI podem fazer fazer cair'”, declarou.

UOL

Deixe seu comentário