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A prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, realizada hoje pela Polícia Federal, teve como pano de fundo suspeitas de corrupção passiva e tráfico de influência dentro do Ministério da Educação — um esquema operado por Ribeiro e pastores evangélicos, segundo indica a operação Acesso Pago, da PF.

À luz das primeiras denúncias sobre o caso, reveladas pelo jornal Folha de S. Paulo em março a partir de áudios vazados de Ribeiro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou que colocaria “a cara no fogo” pelo ex-ministro, considerado de confiança até então.

O Milton, coisa rara eu falar aqui, eu boto a minha cara no fogo pelo Milton. Minha cara toda no fogo pelo Milton.Jair Bolsonaro (PL), em março de 2022, em defesa ao então ministro Milton Ribeiro

Na ocasião, Bolsonaro ainda classificou como “covardia” a pressão para que Milton Ribeiro deixasse o cargo —o que aconteceu no dia 28 de março —e disse que a situação expressava, em sua visão, a falta de corrupção em seu governo.

“Por que não tem corrupção no meu governo? Porque a gente age dessa maneira. A gente sempre está um passo a frente. Ninguém pode pegar alguém e dizer ‘ó, você está desviando’. Tem que ter prova, poxa, se não é uma ação contra a gente”, afirmou.

Em março, um áudio obtido pela Folha revelou que o governo federal priorizava a liberação de recursos a prefeituras indicadas pelos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura Correia, que não têm cargos oficiais no MEC (Ministério da Educação), mas atuavam como lobistas na pasta.

Milton Ribeiro e o pastor Gilmar Santos foram presos preventivamente na manhã de hoje. A Polícia Federal também cumpre mandado de prisão nos endereços de Arilton Moura.

Após prisão, Bolsonaro diz que Ribeiro deve ‘responder pelos atos dele’

Após defender Milton Ribeiro em março deste ano, o presidente Jair Bolsonaro afirmou hoje que o ex-ministro deve responder “pelos atos dele” caso haja algum problema. “Que ele responda pelos atos dele. Peço a Deus que não tenha problema nenhum, mas se tem problema, a PF tá agindo, tá investigando, é sinal que eu não interfiro na PF, porque isso vai respingar em mim, obviamente”.

A declaração foi dada em entrevista à rádio Itatiaia.

“Pelo que estou sabendo, é aquela questão que ele estaria com uma conversa informal demais com algumas pessoas de confiança dele. Houve denúncia de que ele teria buscado prefeito, gente dele, para negociar, para liberar recursos, isso e aquilo”, afirmou Bolsonaro.

O presidente não citou o áudio de Milton Ribeiro, obtido pela Folha de S.Paulo, em que o ex-ministro diz que o envolvimento dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura no MEC foi um pedido de Bolsonaro. No dia seguinte, Ribeiro tentou isentar o presidente.

“Tenho 23 ministros, uma centena de secretários, mais de 20 mil cargos em comissão. Se alguém faz algo errado, vai botar culpa em mim? A minha responsabilidade é afastar e colaborar na investigação”, acrescentou Bolsonaro.

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