Foto: Benjamin Abrahão/Coleção Instituto Moreira Salles - 1936
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Era muito comum na formação do Cangaço se elaborar uma “pré-seleção” para demandar na escolha daqueles que iriam fazer parte como membros do grupo. Geralmente, eram recrutados indivíduos que possuíssem um perfil que preenchesse s exigências adotadas pelo chefe do Bando. Era um critério seletivo onde se buscava ver naquele perfil: a coragem, o destemor, a bravura, a violência, a lealdade e a subserviência ao chefe, dentre outras. Essas características, muitas vezes, poderiam ser atentadas pelo próprio apelido do cangaceiro, que transparecia numa simbologia apológica, a força e a inerência a algo que simbolizava um determinado perfil, podendo assemelhar uma característica meio rude ou meio telúrica.

Vejamos alguns apelidos:

Rudes: Lampião, Jararaca, Besta Fera, Diabo Louro, Lasca Bomba, Pinga-Fogo, Corisco.

Telúricos: Beija-Flor, Serra do Mar, Azulão, Asa Branca, Rouxinol, Lua Branca e outros…!

Para inserir nesse contexto, fui buscar dois personagens que pode ilustrar essa seleção característica de cangaceiros, na sextilha abaixo.

Sextilha

Um sujeito magricelo
De uma aparência cipó
Juntou-se com outro “cabra”
Mais ruim que procotó
Fazendo surgir assim:
A ruindade numa só!

São “carne e osso” em vida
Formando o par da “razão”
Seus métodos são do Demônio
Nos seus atos e na ação
Os “bichos” são às desgraças:
Das vísceras do coração!

Um “amarelo” comprido
Formador de opinião
Um magricelo caído
De olhar sempre pro chão
São os seguidores do mal
Adeptos de Lampião!

Cada um tem no perfil
Toda maldade que quer
São arrogantes e maldosos
Mantedores da má-fé
São a desgraça nascida
Das garras de Lúcifer!

No bando eles que mandam
Dão ordem pra cumprir
Obrigam o pobre coitado
Do direito se inibir
São cangaceiros garbosos
Que gostam de se exibir!

Mas, no “retrato” da vida
O passar se faz real
Vão-se às glorias e os fracassos
Vão de forma literal
Foram embora os Cangaceiros
Deixando os resquícios do mal!

Patos, 04/12/2022
Anchieta Guerra

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