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Passados 30 dias do assassinato do motorista Ricardo Cruz, 37 anos, na cidade de Nova Olinda, no Vale do Piancó, a esposa dele, Dayanna Rodrigues, conversou com o Diamante Online e falou pela primeira vez sobre o crime. A viúva da vítima explicou que as notícias espalhadas pelos sites da região não condisseram com a verdade sobre o que, de fato, ocorreu no dia do homicídio.

Ricardo foi morto a facadas durante o aniversário da filha mais nova, que estava sendo realizado na tarde do dia 7 de janeiro em frente à casa da sogra dele. Os suspeitos do assassinato são a cunhada dele, identificada como Ionara Rodrigues, — irmã de Dayanna — e o companheiro dela. Os dois teriam utilizado a arma branca para consumar o delito.

Conforme a mulher, tudo começou na noite de Revéillon, na comemoração de ano novo. A suspeita tinha começado uma discussão com outra irmã de Dayanna, e Ricardo teria entrado para separar as duas. A partir daí, Ionara teria ficado com raiva do motorista e, nesse momento, teria pegado uma faca para desferir no homem, porém, foi impedida por outros parentes que estavam no local. Devido a esses fatos, Ricardo, a esposa e os filhos decidiram ir para casa.

Dias após a briga, Dayanna contou que Ionara a procurou para se desculpar pelo ocorrido.

Ela me pediu perdão e me pediu para dar um abraço. Eu não percebi que era tudo uma farsa. Ela só queria tirar informações minhas para arquitetar o plano. Uma amiga da família havia me falado na terça [2 de janeiro] que ela estava andando armada na rua com duas facas e um canivete, mas eu disse a essa amiga que Ricardo estava tranquilo e não tinha motivo para dar briga.

A festa de aniversário da filha do casal ia ser realizada no dia 20 de dezembro, contudo, foi adiada para 1° de janeiro, mas também não aconteceu nessa data, justamente por causa da briga da noite de ano novo. A festinha então foi remarcada para 7/01/2023.

A gente começou a arrumar o cantinho das fotos por volta do meio-dia, e ela [Ionara] saiu dizendo que ia para o sítio, mas se escondeu na casa da minha mãe. A gente não sabia, pois minha mãe trabalha o dia todo na farmácia.

Dayanna relatou que o carro da suspeita já estava com toda bagagem pronta para fugir após o crime. Ela teria deixado o veículo do outro lado da rua onde ia acontecer o festejo de aniversário.

Dias antes, pessoas informaram que a suspeita estava andando armada com faca, motivo que fez Dayanna ficar em alerta.

Começamos a tirar as fotos às 16h. Apressei-me para tirarmos as fotos rápido. Ai eu disse a Ricardo que se apressasse, só para cantar os parabéns, que eu ia filmar. Só faltava isso para encerrar. Geralmente, as festinhas dos meus filhos duram 2 horas. Na hora que ia cantar os parabéns, minha irmã [a suspeita] apareceu com o marido dela no local. Ela já chegou chamando Ricardo de viado e mostrando o dedo [do meio] a ele. Mainha ficou muito assustada e pediu para ele [Ricardo] deixar quieto e não brigar, pois não valia a pena.

Mainha pegou no braço de Ricardo e saiu afastando ele do local. Eu me surpreendi com ele, porque ele não aceitava ser chamado de viado, mas ficou calado e não disse nada. Mainha levou Ricardo até o nosso carro, que estava perto e pediu pra gente ir embora. Ele obedeceu. Quando a gente ia entrando no carro, de longe, Ricardo viu quando Ionara começou a destruir a festinha da nossa filha, quebrando tudo, até o bolo que ele havia comprado com tanto carinho.

Ricardo então ficou com raiva e correu para dar “uns tapas” nela, mas não deu tempo: ele escorregou no bolo, que estava jogado no chão, e bateu a cabeça com muita força ao cair. Antes que pudesse se levantar, o marido de Ionara, na maior covardia, pulou em cima dele, que estava deitado, e começou a furá-lo com duas facas. Nessa hora, Ionara também pulou em cima e começou a furar a cabeça dele com um canivete.

Dayanna contou que ela, a mãe e a irmã Geórgia entraram na frente dos agressores para tentar salvar o motorista, mas não conseguiram porque a suspeita impedia com agressões e ameaças com o canivete. Na hora do crime, só estava sogra, cunhadas e os filhos da vítima.

Eu levei cinco facadas porque me abracei com Ricardo no momento. Minha irmã Geórgia levou uma. Ricardo, mesmo esfaqueado no chão e todo ensanguentado, conseguiu se levantar, olhou para a cara do assassino e disse: “Você vai me matar dessa forma covarde?” Em seguida, ele, já com a voz fraquinha, clamou: “Não faça isso!”.

Quando Ricardo fechou a boca, ele [o suspeito] pulou em cima e furou o coração. Fez um buraco. Ricardo deu seus últimos suspiros em meus braços. Eu caí junto dele no chão.

Toda a ação aconteceu em dois minutos, segundo explicou Dayanna. Após o homicídio, os suspeitos se evadiram do local no carro, onde já estava com malas prontas. Após percorrerem trajeto em fuga, eles colidiram o veículo contra dois carros na rodovia e foram presos em flagrante pela polícia.

A dupla foi levada à Delegacia de Polícia Civil de Piancó e teve a prisão convertida em preventiva. Até o momento, os dois seguem recolhidos aguardando julgamento.

Já a esposa e os três filhos — duas meninas e um menino — estão tendo acompanhamento psicológico. “Sofro todos os dias, principalmente quando a pequena me pede o pai dela, e eu não posso fazer nada”, disse a viúva.

Dayanna cobra justiça no caso e pede que haja punição máxima aos suspeitos. “Quero que peguem pena de 30 anos de prisão”, afirmou.

Previsão de pena para o crime

A pena para o crime de homicídio é de 6 a 20 anos de reclusão. O caso em questão pode se configurar como homicídio qualificado por motivo fútil, que varia entre 12 e 30 anos.

Diamante Online

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