Foto: Biblioteca Nacional
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Sobre a vida de Lampião, há muitas controvérsias. Falam que ele foi um “tirano”; que foi um herói; falam, sobretudo, de que foi um “justiceiro”! Na verdade, a ida de Lampião para o cangaço, foi em razão do assassinato do seu pai: João Ferreira da Silva, vítima de emboscada.

Virgulino Ferreira da Silva, conhecido popularmente pelo apelido de Lampião, foi considerado o mais temível cangaceiro brasileiro. Nasceu na cidade de Serra Talhada (PE) em 07 de julho de 1898 e faleceu em Poço Redondo (SE) em 28 de julho de 1938. Sua fama se alastrou por todo Brasil, chegando até a receber o titulo de “Capitão” para enfrentar a Coluna Prestes, porém, abandonou a patente, para continuar sua saga de cangaceiro, principalmente, no Nordeste.

Eu, quando criança ouvi muitas histórias sobre Lampião. E, como a criança tem o “poder” de assimilar com facilidade aqueles assuntos assombrosos, eu absorvi muitas dessas historia. Assim, certo dia, – daqueles dias em que você vai dormir cansado – sonhei com Lampião e tive um pesadelo, que foi mais ou menos assim:

Parti rumo ao destino
No vento e na contramão
Cego sem nem um guia
Doido virado num cão!
Não é que eu fui dá de cara:
Com o famoso lampião?

Lampião me olhou todinho
Com um olhar observador
Desconfiado que só vendo
Nem um olho pestanejou
Olhou pra mim e me disse:
– seja bem vindo doutor!

Fiquei parado no tempo
Com medo da situação
Nesse momento difícil
Estendeu-me logo à mão
E, em seguida foi dizendo:
– Ei, cabra, sou lampião!

Ai meu medo aumentou
Não sabia o que fazer
Tive que agir bem rápido
Pro homem não perceber
E, apertei sua mão, retrucando:
– é de todo meu prazer!

Cobri o homem de elogio
Dos bem feitos que ele fez
Falei de suas proezas
Do valor e sensatez
– pois, em toda minha vida,
Eu sempre lhe admirei!

O homem era cego de um olho
De olhar compenetrado
De uma frieza iminente
Olhando pra cada lado
Parecia uma cobra seca
Com o bote engatilhado!

Um revolver na cintura
Um rifle dependurado
Uma cartucheira de bala
E um facão bem amolado
Um punhal muito comprido
E, com o bico afiado!

O capitão me ordenou
Para o teste eu fazer
Pra saber se eu passava
No teste pra merecer
Uma vaga de batismo
Para o bando pertencer!

Ele se deitou numa rede
Com o revolver ao seu lado
Olho pra mim e me disse:
– atira cabra safado!
É o teste que lhe faço
Para que tu seja aceitado!

Fiquei nervoso na hora
Deu vontade de correr
Mas, os “cabras” me cercaram.
Fazendo-me estremecer
Eu não tinha outra saída:
Era tentar ou morrer!

Não pensei mais de uma vez
E, o som foi escutado
Mas, para minha surpresa
Bem pertinho e do meu lado:
Estava o capitão lampião
Com o revólver apontado!

Nesse momento seu moço
Pedi perdão a meu Deus
Pois, tinha chegado a hora
Deste mundo, dar adeus
Já, que o próximo a deitar na rede:
Pela ordem, seria eu!

Naquele momento então,
O meu drama acabou
É que acordei gritando
Assustado e com pavor
Estava eu, todo mijado
E, só fedia a cocô!

E desse dia pra frente
Eu jamais mais me esqueci
Daquele olhar me fitando
Por cima do seu nariz
Era uma “Pena de Morte”
Que nunca mais esqueci!

Patos, PB 04/06/2023
Anchieta Guerra

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