Todos os anos, na madrugada de 14 de dezembro, ocorre o pico de uma das maiores e mais interessantes chuvas de meteoros: as Geminídeas. No Hemisfério Norte, cerca de 120 meteoros são visíveis a cada hora. No Brasil, a taxa não é tão alta, mas ainda assim é impressionante, principalmente para observadores do Norte e Nordeste do País, onde a taxa pode passar de 70 meteoros por hora.

As chuvas de meteoros ocorrem quando a Terra atravessa a trilha de poeira em sua trajetória pelo Sistema Solar. Essa trilha é formada pelo material ejetado pelos cometas no momento em que eles se aproximam do Sol. Isso acontece porque os cometas são compostos de material volátil, como gelo e gases congelados envolvendo um núcleo rochoso. As órbitas dos cometas são bastante alongadas e, por um determinado momento, passam próximo ao Sol. O calor faz com que partes da sua superfície gelada sejam evaporadas, gerando uma nuvem de gás e poeira que envolvem o cometa e formam sua cauda.
Todo esse material, ejetado dos cometas a cada passagem, fica em órbita ao redor do Sol formando as trilhas de fragmentos que em contato com a atmosfera terrestre, irão produzir as chuvas de meteoros.
E o que acontece quando o cometa derrete completamente? Esta é uma pergunta muito recorrente. E o mais interessante é que a chuva de meteoros Geminídeas, que ocorre todo final de ano, é um bom exemplo de como morre um cometa.
A única coisa que difere o cometa dos asteroides é a presença de algum material volátil que se desprende quando aquecido formando uma espécie de atmosfera, chamada de coma, e uma enorme cauda que brilha devido a ação dos ventos solares. Mas, quando se esgota o material volátil do cometa, seu núcleo rochoso segue vagando em sua órbita pelo sistema solar. Sem sua coma e sua cauda, um cometa extinto pode ser facilmente confundido com um asteroide.
É o que certamente ocorreu com o asteroide Faetonte, que passará próximo a Terra nesse final de ano. Este asteroide, que foi o primeiro descoberto a partir de imagens de uma sonda espacial em 1983, tem uma órbita alongada cruzando as órbitas de Marte, Terra, Vênus e Mercúrio, passando muito próximo ao Sol a cada 1 ano e 5 meses. Essa proximidade lhe rendeu o nome de Faetonte, personagem da mitologia grega filho de Helius, o deus do Sol.

Pouco tempo depois de sua descoberta, o astrônomo Fred Whipple percebeu que a órbita do Faetonte coincida com a órbita dos meteoros geminídeos, o que indicava que ele poderia ser o “pai” destes meteoros. Mas como um asteroide poderia gerar uma chuva de meteoros tão intensa?
Algumas pessoas acreditam que esse asteroide pode ser um agregado de poeira e rocha não compactos, que se desprendem ao longo da sua trajetória. Entretanto, é praticamente consenso entre os astrônomos que o Faetonte seja o núcleo rochoso de um grande cometa extinto há poucos milhares de anos, e que os meteoros da Geminídeas são gerados pelos fragmentos que se desprenderam dele enquanto ainda estava ativo. Recentemente, estudos da composição química dos meteoros geminídeos indicam que eles se originaram de diferentes camadas de um cometa, e uma imagem do Faetonte feita por uma sonda espacial da NASA mostra que ele tem uma pequena e suave cauda. Tudo isso indica que, de fato, o Faetonte é o núcleo extinto de um cometa responsável pelos meteoros geminídeos.
