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Corrinha e o seu conhecido carinho com os animais

Na manhã do domingo, 24 de setembro, por volta das seis horas, a senhora Maria do Socorro Cartaxo Albuquerque (Corrinha), de 57 anos, estava varrendo a calçada da residência de uma vizinha, na Rua Francisco Pontes, no Salgadinho, em Patos, quando foi atingida por um veículo gol, de cor prata, conduzido por um vizinho dela que, segundo informações, estava embriagado.

Surpreendentemente o carro invadiu a calçada e a dona de casa foi atingida violentamente, tendo traumatismo craniano. Corrinha foi levada em estado grave para o Hospital Regional de Patos, onde recebeu atendimento e depois foi transferida para o Hospital de Traumas em Campina Grande, onde faleceu na tarde da segunda-feira, 25 de setembro.

Maria do Socorro era irmã do Sargento Aurélio Gomes, da 4ª Companhia de Polícia de Trânsito CPTran, e a sua morte foi muito divulgada na imprensa de Patos, gerando comoção e revolta.

Ela residia com a irmã Maria Bernadeth Cartaxo, funcionária pública, e era muito querida no setor onde morava, no Salgadinho. Era conhecida por ser muito prestativa com as pessoas e tinha um carinho enorme com os animais.

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Repórter Airton Alves registra a tristeza da gata de estimação de Corrinha no local onde ela foi atropelada

Todos os dias, de três a quatro vezes, Corrinha alimentava mais de 40 cachorros e gatos de rua. Os animais se aglomeravam na sua calçada, na pátio ao lado da casa, onde ela distribuía comida. Esse cuidado dela com os animais tem sido muito lembrado pelos vizinhos e amigos.

Os cães e gatos de rua continuam se dirigindo todos os dias aos lugares onde ela os alimentavam e, segundo a irmã Bernadeth, parecem tomados de tristeza, como quem sabem do que aconteceu com ela. “Corrinha era uma pessoa bem simples, sempre de bom humor. Criava animais, tinha um carinho enorme por todos e não havia quem não gostasse dela. Minha irmã era minha mãe, porque ela quem cuidava de mim”, diz a irmã, tomada de lágrimas.

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Bernadeth: “Minha irmã era um anjo”.

Além de alimentar os gatos e os cachorros de rua Corrinha  também alimentava os muitos pássaros, principalmente pardais, que no fim da tarde ficam nas árvores e nos fios dos postes das proximidades. “Ela colocava comida para cães, gatos, pássaros e até sapos, inclusive ela criava alguns sapinhos”, diz a irmã.

Na residência onde Corrinha morava há uma pedra no muro e, nessa pedra, ela colocava pedacinhos de pães, e dezenas de pássaros disputavam a comida. “Tem uma vizinha nossa que não joga pão fora. Ela bota os pães pendurados num poste e Corrinha pegava esses pães, esfarelava e colocava para os pássaros, tanto no muro de casa como nas calçadas, e era uma festa para os passarinhos. Era muito lindo de se ver essa relação dela com as aves. Todas as tardes os fios se enchem de passarinhos e hoje, quando vejo, sinto como se eles estivessem procurando por ela,” diz Bernadeth.

No local onde Maria do Socorro foi atingida a irmã escreveu a seguinte frase na parede: “Corrinha, te amo”, e o curioso é que muitos gatos e cachorros ficam por lá agora. “Eu acho que eles procuram por ela”, diz Bernadeth, que tem vivido dias difíceis com saudades da irmã e não se conforma com o que aconteceu. “Meus pais já faleceram, meus irmãos estão casados, éramos solteiras e ela se tornou uma companhia para mim e eu uma companhia para ela, daí vem um imbecil embriagado e comete uma crueldade dessa”.

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Aurélio: “Fica a lembrança de suas brincadeiras e de seu sorriso lindo”.

Por fim Bernadeth disse que vai se dedicar ao trabalho que a irmã fazia. “Eu sempre ajudei  os animais também, mas ela era muito mais dedicada e muito mais sensível, inclusive com os sapos, que é um animal que as pessoas tem medo ou nojo. Eu vou continuar ajudando, colocando comida para os gatos e cachorros de rua, porque isso é uma forma de reconhecer a bondade da minha irmã. Eu vou ficar com essa incumbência, continuarei comprando ração, e vou manter o trabalho que ela fazia. Até as crianças gostavam dela, pois alguns meninos que estudam no Allyrio Meira Wanderley costumavam passar por aqui e chamar por ela. Essas crianças, quando ela morreu, passaram por aqui, choraram e fizerem uma prece pela alma dela. Tenho certeza que hoje minha irmã está nos braços de Nossa Senhora da Guia”.

 

 

Folha Patoense – folhapatoense@gmail.com 

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