Mais de dez casos de violência contra a mulher foram registrados pela Polícia Militar nesta semana, de domingo (9) até este sábado (15). Entre os casos, dois estão sendo investigados pela Polícia Civil como feminicídio e dois como tentativa de feminicídio.
Os primeiros casos aconteceram no domingo (9). O mais marcante foi um feminicídio contra uma adolescente de 15 anos, no município de Zabelê, no Cariri paraibano. Ela foi morta com trinta facadas pelo ex-namorado, que confessou o crime. Ele foi preso na terça-feira (11), na cidade de Sertânia, em Pernambuco.
O suspeito de matar Ana Clara Teixeira, de 15 anos, afirmou, em depoimento, que foi motivado pelo fim do relacionamento, segundo o delegado Jorge Luiz. De acordo com a Polícia Civil, Matheus Bezerra dos Santos conheceu a menina no início da adolescência dela, com 12 anos, e desde então se relacionaram. Segundo o delegado, Matheus achava que Ana Clara era o amor da vida dele.
Só que Ana Clara passou a não querer mais ter uma relação com Matheus. A polícia informou que a adolescente e o jovem conviveram por um ano com histórico de agressão, violência, ciúmes e sentimento de posse dentro do relacionamento.
Os dois estavam vivendo juntos, no sítio dos pais de Ana Clara. Em junho, após uma discussão entre o casal, o pai dela disse que não queria que ele continuasse morando lá. Segundo o delegado, há dois meses o namoro acabou definitivamente, porém Matheus ainda se sentia na relação.
No dia do crime, Matheus enviou uma mensagem para Ana Clara querendo vê-la. Neste momento, Matheus já estava com o punhal e matou a jovem com pelo menos 30 golpes de faca após ela reforçar o fim do namoro.
Ainda de acordo com o delegado Jorge Luiz, familiares informaram à polícia que Matheus sempre se colocava como vítima na relação, e que dizia que se mataria caso Ana Clara o abandonasse. Segundo o depoimento, Matheus teria sofrido um acidente de moto e ficado desacordado durante a fuga. Quando acordou, andou cerca de 20 quilômetros até chegar, no início da manhã, ao sítio do seu tio, que perguntou o que tinha acontecido e o orientou a se entregar à polícia. Ele foi autuado por feminicídio.
Outro feminicídio aconteceu na quarta-feira (12). Uma mulher de 44 anos foi encontrada morta no apartamento em que morava no bairro do Cristo Redentor, em João Pessoa. Segundo informações da Polícia Militar, o suspeito de cometer o crime era companheiro da vítima. O corpo da vítima foi encontrado pela filha dela, que morava no mesmo local.
A mulher tinha um ferimento extenso na região das costas, na altura dos pulmões. Conforme a PM, embora ainda não seja possível identificar a arma utilizada no crime, os ferimentos indicam que uma foice pode ter sido utilizada. O suspeito não foi preso.
Tentativa de feminicídio em Mari
Uma mulher foi baleada na cabeça na noite do último domingo (9), na cidade de Mari, na Paraíba. De acordo com informações da Polícia Militar, a mulher teria sido baleada por um homem com quem convivia há alguns anos, no entanto, não há informações se era marido ou namorado da vítima.
A casa da mulher foi encontrada e a cama dela estava suja de sangue. Algumas pessoas que moram próximo ao local do crime informaram não ter ouvido nenhuma discussão, apenas um tiro. O homem não foi preso. A mulher está internada no Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em estado grave de saúde, mas evoluindo positivamente, conforme a assessoria.
Mulher sofre tentativa de feminicídio na frente do filho
Uma mulher foi esfaqueada na manhã da segunda-feira (10) pelo ex-companheiro, na escadaria da Maternidade Frei Damião, em Cruz das Armas, em João Pessoa, por não aceitar o fim do relacionamento. O filho dela, de 11 anos, presenciou o crime e pedia a todo momento para que o homem não matasse a mãe dele.
No dia anterior, o suspeito começou a ameaçar a vítima e disse que ela não iria ao trabalho na segunda-feira. Ela contestou e disse que iria trabalhar. Quando ela saiu, o suspeito a seguiu e, na escadaria da Maternidade Frei Damião, ele a puxou pelo cabelo e começou a esfaqueá-la na frente do filho. Para se proteger, ela correu até o trabalho. O suspeito ainda conseguiu cortar uma parte do cabelo da vítima.
O suspeito foi preso na tarde do mesmo dia, pela Polícia Civil. Segundo a delegada Amindonzele Carneiro, o homem foi preso em Mamanguape e estaria fugindo. Ele confessou o crime e ainda estava com a faca utilizada.
“Eu quero que ele pague por tudo que ele fez, porque se ele não pagar agora, ele vai fazer com outra pessoa, eu quero justiça. Quero ele na cadeia”, declarou a vítima.
Violência doméstica: início de atitudes mais graves
Na segunda-feira, os casos de violência doméstica também tiveram início. Um homem de 22 anos foi preso suspeito de agredir a companheira a pauladas em Alagoa Grande, no Agreste da Paraíba. Segundo informações da Polícia Civil, o crime aconteceu em junho deste ano.
De acordo com a delegada Maria Soledade, a vítima ficou ferida em várias partes do corpo, principalmente na cabeça. Após ameaças, ela precisou ficar abrigada, junto com os filhos, por cerca de dois meses, em uma casa de acolhimento para vítimas de violência doméstica. Ela está agora com uma medida protetiva em aberto para ser protegida.
Em João Pessoa, na terça-feira (11), um homem de 26 anos foi preso suspeito de manter a namorada em cárcere privado, agredi-la e roubar o celular dela, no bairro de Miramar. De acordo com a delegada Amindonzele Oliveira, a vítima é uma estudante de psicologia de 19 anos. “Um passo para acontecer coisas piores”, declarou a delegada. Conforme a delegada, os dois estão juntos há dois anos, e a vítima já havia solicitado uma medida protetiva, que não foi renovada.
Outra situação de cárcere privado aconteceu em Serra Branca, na quinta-feira (13). A Polícia Militar prendeu em flagrante um suspeito de 20 anos que estava mantendo a esposa em cárcere privado e fazendo ameaças contra a vítima. A polícia foi chamada pela própria vítima, uma balconista de 23 anos, que estava sendo mantida presa em um dos quartos da casa e recebendo ameaças por parte do marido. A violência teria sido motivada por ciúmes.
No entanto, não são todas as mulheres que conseguem fechar o ciclo da violência doméstica, ou ao mesmo começar a encerrar essa série de agressões. Na madrugada desta quinta-feira (13), duas mulheres acionaram a Polícia Militar relatando violência doméstica, em João Pessoa. As viaturas da polícia encaminharam as mulheres para a delegacia da mulher, no bairro do Geisel, após elas relatarem agressões.
Embora a Polícia Militar tenha conduzido os dois casos até a delegacia, de acordo com a delegada da mulher, Maria das Dores, nenhum caso de agressão foi registado nesta madrugada. Segundo ela, os dois casos que chegaram na delegacia e que se assemelham com os casos conduzidos pela PM são de mulheres que relataram discussões com os maridos. Nenhuma quis realizar a denúncia ou solicitar medida protetiva.
Na noite deste sábado (15), dois homens foram presos suspeitos de violência doméstica, em Campina Grande. Um homem de 52 anos foi preso suspeito de agredir a companheiro, no bairro Santo Antônio. A vítima, uma professora de 51 anos, conseguiu se livrar do agressor e descer do carro levando a chave do veículo. A mulher saiu correndo e pediu socorro em uma base da PM perto do local.
Já no bairro Alto Branco, um homem de 21 anos também foi preso suspeito de agredir a esposa. A mulher, de 21 anos, disse que o esposo a agrediu nos braços, pernas e costas, por causa de ciúmes após um desentendimento gerado por mensagens de celular. Os dois homens foram encaminhados para a Central de Polícia Civil de Campina Grande.
Como denunciar violência contra a mulher
- 180: Central de Atendimento à Mulher
- 197: Disque Denúncia da Polícia Civil
- 190: Disque Denúncia da Polícia Militar (para casos de emergência)
- Delegacia online