Pai perde os braços um dia antes do nascimento do filho e sonha com prótese, em Campina Grande — Foto: TV Paraíba/reprodução
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Após perder os dois braços em um acidente de trabalho em 2019, um dia antes do nascimento do primeiro filho, em Campina Grande, Nilson Medeiros, de 34 anos, sonha em colocar próteses para poder segurar o garoto Guilherme.

O homem diz que esperou nove anos, tempo que faz que está casado com Luciana Miranda, para ter um filho nos braços.

“A parte que mais me dói é não conseguir segurar Guilherme nos braços. Eu passei nove anos esperando esse momento chegar, mas eu tenho certeza que vai dar certo”, diz o pai do garoto de 1 ano e 3 meses de idade.

Mesmo sem os membros superiores, o sonho de Nilson de segurar o filho nos braços permanece.

Como Nilson está sem emprego e recebe somente um benefício do INSS, ele, a esposa e o filho estão vivendo da ajuda de amigos e familiares. Com a pandemia causada pelo novo coronavírus, ficou ainda mais difícil dar entrada na aposentadoria.

Uma amiga da família de Nilson tomou a iniciativa de fazer uma vaquinha virtual para conseguir comprar as próteses dos dois braços. A meta é arrecadar R$ 160 mil.

Acidente em fábrica

Nilson trabalhava em uma fábrica de lingerie e estava manuseando uma máquina quando o acidente aconteceu. Os dois braços foram cortados.

Para preservar a saúde da esposa de Nilson e do bebê — já que ela estava grávida —, a mulher foi informada sobre o acidente, mas não da gravidade da situação.

O parto, que estava previsto para dois dias após a data do acidente, foi antecipado em um. Guilherme nasceu no dia 11 de junho, e Nilson não pôde assistir ao nascimento do filho. Ele só conheceu o bebê uma semana depois.

Desde então, Luciana precisou abrir mão do trabalho para cuidar do filho e do marido. Para ela ainda é difícil a rotina com acúmulo de tarefas e cuidados.

“A parte mais difícil é ter que cuidar do meu filho, do meu marido e da casa. Entre o meu trabalho e a minha família, a família vem em primeiro lugar, mas hoje ele depende de mim para praticamente tudo”, afirmou.

Nilson considera ter nascido de novo após o acidente e a paternidade. Para ele, a dádiva maior é estar vivo e poder acompanhar o crescimento do seu primeiro filho, que é saudável. O sonho agora é conseguir adquirir as próteses, para ter mais autonomia e também segurar Guilherme.

“Eu quero as próteses para ter mais qualidade de vida e autonomia, não igual ao que eu tinha com os membros, mas ter 50% de autonomia, pois hoje dependo 100% da minha esposa”, disse.

Segundo Luciana, a expectativa pelas próteses é grande. “As próteses são muito caras e para nós é muito dinheiro. Essas próteses vão cair do céu, porque ele depende de mim para praticamente tudo. Não é fácil, mas graças a Deus estou dando conta e minha prioridade é eles dois. A gente vai poder sair mais, fazer coisas diferentes e viver a vida melhor”, disse.

A esposa ainda falou que o marido é um verdadeiro milagre de Deus. “Eu agradeço todos os dias pela vida do meu marido. Nós estamos passando por isso juntos e eu só tenho a agradecer por ele estar vivo. Uma pessoa que, quando esteve internado, teve três paradas cardíacas e, hoje, não tem nenhuma sequela. É um verdadeiro milagre”, concluiu.

Depois de passar por esse momento difícil, Nilson aprendeu uma lição que leva para a vida: para ele, o mais importante é respirar ao acordar.

“A gente vê por aí muita gente reclamando da vida com coisas tão pequenas e na verdade não dá valor ao que tem, né? Que é o dom de respirar logo cedo quando acorda. Tem muita gente que murmura, reclama porque não compra um carro. Seja mais grato, seja mais grato à vida, porque é muito bom viver e eu tenho prova que é realmente muito bom viver”.

G1 PB

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