Como é trabalhar no Censo?
Trabalhar no Censo IBGE é uma oportunidade que vale a pena, tanto pelo dinheiro quanto pela experiência, apesar dos perrengues. É o que dizem entrevistados que já participaram da maior pesquisa brasileira, realizada a cada dez anos, que tem o objetivo de coletar dados de todas as famílias no país.
O Censo estava programado para o ano passado, mas foi adiado por causa da pandemia. O concurso está com inscrições abertas até esta segunda (15) para agente censitário (cargo de nível médio) e até a próxima sexta (19) para recenseador (nível fundamental). Ao todo, são mais de 204 mil vagas em 5.297 municípios.
O salário para agente censitário é de R$ 2.100 para os mais bem colocados e de R$ 1.700 para os demais aprovados, por 40 horas semanais. Recenseadores recebem por produtividade (você pode simular o salário nesta calculadora do IBGE). Os contratos duram de 3 a 5 meses, mas podem ser renovados em caso de necessidade.
O UOL ouviu pessoas que participaram do Censo em 2000 e em 2010. Todos viram no concurso uma boa chance de trabalho temporário, com carteira assinada e salário garantido. Eles recomendam a experiência e dizem que a prova é tranquila. Por outro lado, o candidato deve se preparar para andar bastante e lidar com o mau humor de alguns entrevistados.
Fernanda Bonfanti, 31 anos, chefe da agência de coleta do IBGE de Chapecó (SC)
Meu primeiro emprego foi como recenseadora em 2010. Foi uma oportunidade de conciliar o trabalho com o curso de engenharia de alimentos, numa época em que eu morava sozinha. Em 2017, voltei para o IBGE como efetiva, onde trabalho até hoje.
Eu era concurseira. Vi que abriu o Censo e que tinha material no site do IBGE para estudar. Foi uma prova bem fácil, com matérias básicas. A parte de conhecimentos específicos estava toda na apostila.
Depois do treinamento presencial, houve uma nova classificação para escolher o lugar de trabalho. Ali consegui ir bem e peguei o setor onde eu morava. Fiz o Censo da minha própria casa.
Meu trabalho era realizar entrevistas num determinado setor. Todo dia eu reservava entre duas e quatro horas para fazer a sequência de casas que me passavam.
Em muitas casas, o pessoal não estava e eu tinha que retornar no final de semana. Tem que ir tentando. Eu conversava com o vizinho para saber o horário em que a pessoa estaria em casa.
As pessoas já estavam com bastante expectativa sobre nossa visita. Tinha gente que deixava até cafezinho pronto. Peguei um setor que tinha vários idosos, eles queriam falar sobre os netos, e a gente dava um pouco de atenção.
Eu nem imaginava que tinha vizinhos analfabetos, e eram muitos. Chamou a atenção a desigualdade perto de mim.
Trabalhei uns 20 dias, porque fiz um setor só. Eu poderia ter pego mais de um setor, mas era quase final de ano e as provas da faculdade estavam começando.
Em 2010, foi a primeira vez que o IBGE usou dispositivo móvel de coleta, um celular bem simples. Neste ano usaremos smartphones com aplicativo que registra até a trajetória do recenseador.