Crônica da Quinta

Citricidade e Humanidade

O instrumento cortante assacado se apresenta.

Dor e medo se alojam no meu olhar.

Em uma fração de segundos, os meus olhos fitam o instrumento do crime

Segurado, em uma de minhas mãos, está uma fruta cítrica, a laranja.

Doçura e beleza, aparentemente, não possuía.

A faca corta a sangue cru; não a fruta, mas, sim, meu dedo.

A pele, o maior órgão do ser humano não sangrou

 – Seria o processo natural do sangue ou uma metáfora de um processo natural de regeneração?

Pessoas azedas e laranjas secas não se deixam descascar.

Aprendi com aquele acidente doméstico

Que não importa a acidez dos sentimentos,

Rasgar a pele até doer vai passar e é por demais necessário na centrífuga da vida.

Citricidade e humanidade se misturam e rimam com superação.

Do suco absorvi nutrientes e da cena uma lição – liquidifique a dor e sairás ileso de um e de outro.

Carlos Ferreira da Silva – Acadêmico de Pedagogia – UNIFIP – carlossilva@pedag.fiponline.edu.br

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