Dois meses após ter sido baleada na cabeça pelo próprio pai, durante um crime que chocou a cidade de Itaporanga, a criança de um ano e meio continua internada na UTI do Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande, mas apresenta uma evolução clínica surpreendente.
De acordo com a médica Dra. Noadja Andrade, que acompanha o caso, a menina já passou por seis grandes cirurgias, além da colocação de drenagem, e tem reagido de forma positiva ao tratamento. “Avalio um milagre de Jesus. Nunca ouvi falar, em toda a minha experiência, de uma criança ou adulto levar um tiro na frente da cabeça, sair do outro lado e sobreviver. Essa criança não somente está escapando, mas com funções que parecem normais”, destacou.
A médica ressalta que a evolução neurológica é animadora: a bebê movimenta as mãos e os pés, chora e interage com a equipe. “Ainda não posso afirmar se ela vai falar ou andar, mas os sinais clínicos são favoráveis. Ela está interagindo muito bem”, afirmou.
A paciente deve passar por uma tomografia de controle para verificar o estado do encéfalo e definir os próximos passos do tratamento. Embora continue na UTI por precaução, a médica explica que, clinicamente, a menina já poderia estar na enfermaria. “Ela está aqui pelos cuidados intensivos que merece. Mas se fosse para estar na enfermaria, já poderia também”, disse.
O caso, ocorrido no dia 29 de junho, deixou a cidade e toda a região consternadas. Para os profissionais de saúde que acompanham a recuperação, cada dia de vida da criança é visto como uma vitória.
Relembre o caso
A menina foi atingida por um disparo de arma de fogo na cabeça durante o feminicídio de sua mãe, Cláudia Kell de Oliveira Miguel, de 29 anos, assassinada pelo companheiro, Elson Félix de Souza, conhecido como “Chaveirinho”. Após o crime, ele fugiu, mas foi capturado no dia 1º de julho em uma barraca no lajeiro do sítio Pau Brasil, na zona rural de Itaporanga.
Desde então, a criança luta pela vida em Campina Grande, recebendo suporte intensivo e acompanhamento diário pela equipe de neurocirurgia pediátrica.
Luiz Adriano – Diário do Sertão






