Foto: Aline Lins

Na Paraíba, o bagaço da cana-de-açúcar representa o maior resíduo sólido agroindustrial gerado, com um montante estimado em aproximadamente 1,3 milhão de toneladas, conforme o Inventário de resíduos sólidos industriais da Paraíba, realizado pela Sudema. Nesse cenário, uma tecnologia desenvolvida por pesquisadores do Centro de Energias Alternativas e Renováveis da Universidade Federal da Paraíba (CEAR/UFPB) pode conferir à indústria sucroenergética um novo aliado na geração de valor agregado: as cinzas do bagaço da cana-de-açúcar, objetivando a sua aplicação no setor de energia solar.

O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) concedeu aos pesquisadores do CEAR a patente dessa inovação que pode gerar novos negócios no setor de energia renovável. O trabalho foi desenvolvido pela professora Kelly Gomes, docente do CEAR, em colaboração com a aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da UFPB, Ithyara Dheylle Machado, os alunos de graduação do curso de Engenharia de Energias Renováveis do CEAR Gabriela Oliveira Galvão, João Victor Furtado e Saraswati Visnu Andrade, e o professor José Félix, do CEAR.

Considerando o potencial do Brasil em energia solar, pois detém em torno de 95% de seu território na região intertropical do planeta, torna-se necessária a exploração de fontes alternativas e renováveis de energia, especialmente o aproveitamento eficiente da energia solar incidente no planeta.

Dessa forma, os pesquisadores da UFPB criaram um método de processamento da cinza do bagaço da cana-de-açúcar que torna o material adequado para aplicação em tecnologias solares seletivas, usadas na conversão da radiação em energia térmica. A técnica envolve ajustes nos parâmetros de moagem, resultando em partículas que elevaram a eficiência da absorção solar, abrindo caminho para o uso industrial das cinzas.

“Essa conquista demonstra o potencial de agregar valor econômico e ambiental a um resíduo abundante no Brasil, fortalecendo tanto a ciência de materiais quanto o setor de energias renováveis”, explica Kelly Gomes, docente responsável pela pesquisa.

De acordo com os inventores, a tecnologia tem potencial para gerar benefícios econômicos e sociais ao setor, ao transformar um resíduo em matéria-prima de valor agregado. Além disso, a iniciativa contribui para consolidar o papel do Brasil como referência na transição energética, abrindo espaço para novos mercados sustentáveis, em especial para empresas que investem em tecnologias verdes.

Nesse aspecto, a professora Kelly Gomes destaca que “a inovação une sustentabilidade e ciência, ao mesmo tempo em que busca agregar valor a um resíduo da agroindústria”.

Aline Lins – Centro de Energias Alternativas e Renováveis (CEAR)

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