Compartilhe!
em frente a cela de creuza 1
Documentário ainda está sendo gravado e deve ser concluído até agosto (Foto: Ana Calline/Arquivo Pessoal)

Em menos de um mês, um documentário que sobrevoa as questões que envolvem o crime de homicídio vai ganhar vida. Com 80% já concluído, a estudante de Arte e Mídia, pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Ana Calline, decidiu sair do seu lugar comum e mergulhar no mundo de pessoas presas pelo crime de homicídio, através do documentário “Um dois um: crônicas de homicídio”.

A ideia da gravação começou através da música. Inspirada com por canções da banda Racionais Mc’s, começou a consumir produções de temática prisional, pesquisar e estudar. “Percebi que as questões em torno de um assassinato poderiam se tornar o meu trabalho de conclusão de curso”, pensou. E executou.

O objetivo era levantar análises e questionamentos sobre o crime, a função social da pena e o sistema prisional, dando visibilidade social para a população carcerária, pra sua família e família das vítimas.

Diante disso, foi além das arestas. Visitou penitenciárias, casas de famílias e ouviu fontes oficiais. Está narrando, em documentário, três lados possíveis dos crimes: o suspeito, a família do suspeito e a família da vítima. “Desse modo foi possível driblar a visão unilateral sobre o crime, que está pautada de maneira formal através de leis e estatísticas”, esclareceu.

História tem frieza e brutalidade como foco principal

capa
Família de personagem também foi ouvida durante o documentário (Foto: Ana Calline/Arquivo Pessoal)

Creuza Bernardo, 49 anos e a vida marcada pela morte. A detenta, que cumpre pena por homicídio qualificado na unidade feminina do Presídio do Serrotão, matou brutalmente todos os quatro filhos. Ana Calline conta que o modus operandi da detenta era semelhantes a casos de serial killers.

Para ouvir essa história, viajou 266 quilômetros de distância, de Campina Grande até a cidade de Tavares, no Sertão paraibano. Sete horas de viagem em busca da mãe de Creuza, Maria Bernardo, não apenas mãe da acusada, mas também avó das vítimas.

O documentário conta, ainda, com participações especial e importantes: mães das vítimas do estupro coletivo na cidade de Queimadas. “A intenção é dar suporte temático às questões tratadas no documentário”, explicou. Alguns vídeos, assim como outras postagens informativas, são postados no instagram e página oficial do projeto.

No documentário, Ana também ouviu pessoas da área criminal, como delegados, advogado e agentes. “Todos que entrei em contato mostram-se bastante entusiasmados com a ideia, pois reconhecem que estas questões não costumam ser estudadas de forma inovadora, além do fato que eles convivem cotidianamente com os problemas sociais existentes no cenário penitenciário”, ressaltou.

Estudante premiada

O documentário de Ana Calline faz parte do seu trabalho de conclusão de curso de Arte e Mídia, pela UFCG. O produto deve ser concluído entre julho e agosto, no Cine-Teatro São José, em Campina Grande. A data oficial será divulgada nas redes sociais do projeto.

No entanto, essa não é a primeira vez que ela se destaca. Além de já ter feito parte da direção de alguns projetos ficcionais, teve o curta metragem “Majestic Hotel” e o video clipe “Bakamarte-Moça” premiados no Festival Comunicurtas da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). O primeiro por melhor trilha sonora e o segundo por melhor vídeo clipe por júri popular.

G1 PB

 

Deixe seu comentário