Uma semana após ser efetivado no cargo, o presidente Michel Temer participou nesta quarta-feira do desfile de 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Temer tornou-se presidente efetivo no último dia 31, após a ex-presidente Dilma Rousseff sofrer um processo de impeachment no Senado.
Parte do público presente ao desfile entoou gritos de “fora, Temer” na chegada do presidente à tribuna de honra de onde ele irá assistir ao evento. A arquibancada de onde partiu o protesto está posicionada próxima à do presidente, do lado oposto da pista da Esplanada dos Ministérios por onde passará o desfile.
Foi o primeiro evento público de Temer após ser efetivado. Na semana passada, o presidente viajou para a China para a Cúpula do G20, de onde só retornou nesta terça-feira (6).
O presidente abriu oficialmente o desfile do 7 de Setembro às 9h15. Na cerimônia, o comandante militar do Planalto pede autorização ao presidente para dar início ao desfile. “Autorização concedida”, foram as únicas palavras de Temer ao microfone.
A reportagem também ouviu gritos de “golpista” vindos do público. Em seguida, uma parte menos ruidosa do público puxou o coro de “a nossa bandeira jamais será vermelha”, aparentemente numa crítica ao PT e em apoio ao governo do PMDB.
Em Brasília, a Esplanada dos Ministérios conta com um efetivo de cerca de 3 mil homens na segurança do evento, entre policiais militares, militares, bombeiros, agentes de trânsito e policiais civis. O policiamento está reforçado nas áreas próximas ao local do desfile e em prédios públicos espalhados pela Esplanada.
Protestos proibidos no desfile
Seguranças que trabalham no desfile de 7 de Setembro em Brasília confiscaram uma bandeira de um grupo de estudantes e os informaram que eles seriam retirados das arquibancadas caso insistissem em algum tipo de manifestação crítica ao governo.
“Se tiver manifestação contra o governo nós vamos retirar [os manifestantes da arquibancada]”, disse um dos seguranças.
Questionado pela reportagem sobre se essa era uma ordem do Palácio do Planalto, o agente pediu que a área de imprensa da Presidência fosse procurada. A reportagem enviou um e-mail para a assessoria de imprensa do Planalto, mas ainda não obteve resposta.
“É um absurdo. É nossa liberdade de expressão”, afirmou Gabriela Almeida, 20, aluna do curso de Gestão de Políticas Públicas da USP (Universidade de São Paulo).
Além de proibir qualquer tipo de protesto, os seguranças confiscaram uma bandeira do Brasil na qual os jovens haviam escrito a palavra “golpe”. Manifestantes contrários ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff têm classificado o processo como “golpe”.
UOL