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O vendedor Onaldo Medeiros, amigo da professora Ana Cláudia Gomes da Silva (falecida no último domingo, 04), e que acompanhou o caso dela desde o começo, procurou o site folhapatoense.com para comentar sobre o que ele chamou de “calvário de Ana Cláudia”.

Naldinho, como é mais conhecido, decidiu falar depois que Dr. Kezzio Medeiros Lacerda, diretor técnico do Hospital Regional de Patos, disse em entrevista à imprensa local que que a paciente Ana Cláudia já chegou ao Hospital com um quadro delicado e, depois de várias intercorrências, foi diagnosticada com um caso de doença rara. Ele também disse que não faltou apoio e empenho por parte dos profissionais do Hospital Regional de Patos e quem em nenhum momento ela foi negligenciada.

Leia abaixo o desabafo do vendedor Onaldo Medeiros, amigo da professora e que fez campanhas nas redes sociais no sentido de conseguir uma transferência dela para algum hospital de Campina Grande ou João Pessoa. A transferência, segundo ele, aconteceu num momento em que o quadro dela estava muito grave e que era para ter sido realizada bem antes.

Nota:

“Meu nome é Onaldo Medeiros, sou vendedor, amigo que acompanhou o caso desde do início e que a família escolheu para falar do calvário de Ana Cláudia.

Realmente ela teve um bebê com má-formação. Descobriu isso aos 5 meses de gestação, mas não apresentou nenhum problema de saúde. Os médicos que a atenderam sabiam do problema da criança, mas mesmo assim optaram pelo parto normal.

Depois de três dias a criança veio a óbito. Passado uns dias ela apresentou uma dor na região pélvica e procurou o Hospital Regional de Patos, onde fizeram uma ultrassonografia e o médico disse que eram gases.  Foi medicada e no outro dia, liberada, mas chegando em casa ela piorou e resolveu procurar a Maternidade, onde o médico falou que parecia ser um quadro de apendicite e a mandou procurar novamente o HRP (Hospital Regional de Patos).

No HRP, sem fazerem nenhum tipo de exames, ela foi encaminhada para o bloco cirúrgico e lá fizeram a cirurgia de apendicite e assim foi passando uns dias e a gente foi percebendo que ela não estava bem e começamos a questionar se não seria melhor levar para outro centro e eles sempre diziam que não era necessário e que a infecção estava controlada.

Depois aparece mais um médico e diz que ela vai fazer outra cirurgia. No caso, a segunda cirurgia. Na ocasião questionamos a colocação de um dreno já que na primeira cirurgia não foi colocado.

Depois dessa cirurgia eles falaram que estava tudo indo bem e a secreção havia diminuído. Só que algumas pessoas, inclusive gente da área de saúde, nos diziam: ‘Tirem essa menina do hospital de Patos, pois essa infecção dela está evoluindo para uma generalizada’.

Decidimos fazer uma comissão com Conselho de Saúde, agentes de pastorais e o padre Adailton, da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, e fomos falar com os médicos para que providenciassem a transferência dela, mas eles não  liberaram.

Nisso ela piorou e resolvemos procurar o Ministério Público. O promotor foi pessoalmente para ouvir as duas partes. Na ocasião a diretora Liliane afirmou que não seria necessário a transferência e que o  HRP tinha toda condição de resolver.

No outro dia aparece uma junta médica e novamente levaram Ana para mais uma cirurgia. Foi a terceira cirurgia e ela foi chorando muito. Na ocasião o médico Dr. Paulo Ataíde foi chamado.

Ela saiu do bloco direto para a área Vermelha, muito mal, entubada, e o médico afirmou que tinha contido o foco da infecção e que precisou fazer uma colostomia.

Passado dois dias dessa cirurgia a gente mais uma vez tentou com muitos políticos para conseguir essa transferência, mas foi tudo em vão, pois todos diziam a mesma coisa: ‘não depende de mim’.  Aí começamos a entrar em desespero e aí sim a diretora afirmou que aqui em Patos não resolvia o problema dela, e que só um dos HU poderia resolver.

Quando pensávamos que as coisas iriam melhorar chega novamente o médico e diz que ela passaria pela quarta cirurgia. Ai ela entrou em desespero. Parece até que sabia o que iria acontecer.

Saiu do bloco cirúrgico entubada e, segundo eles, sedada. Tenho até dúvidas se não era já em coma.

O médico falou bem claro que devido a tantos procedimentos cirúrgicos as alças do seu intestino estavam se rompendo. Ela se encontrava totalmente aberta, fragilizada, quase morta.

Fomos à sala da diretora e exigimos a transferência. Ela nos falou que não tinha conseguido vaga.

Em total desespero fomos ajuda a  um e outro e sempre a mesma coisa: ‘não depende de mim’

Conseguimos o telefone de um médico do HU de João Pessoa e ele com muito carinho nos ajudou prontamente e entrou em contato com o médico daqui da UTI que estava no plantão e ele, muito humano, nos ajudou para que essa transferência fosse possível. Vibramos de alegria, pois achávamos que essa era a chance que ela tinha de se salvar.

O HRP nesses 36 dias diagnosticaram várias doenças nela sem nenhuma ter sido confirmada, pois o único exame feito ainda não chegou o resultado.

Como podem afirmar agora que ela tinha uma doença rara?

O problema não é a doença que eles afirmam que ela tinha (embora nada esteja confirmado).

O problema foi como eles enganaram familiares e amigos. Ao contrário do que o diretor técnico disse à imprensa, em momento algum eles sentaram com a família para dizer que a infecção era grave.” (Onaldo Medeiros – Naldinho)

Veja mais: 

Diretor técnico do HRP comenta sobre complicações que levaram a paciente Ana Cláudia a óbito

Folha Patoense – folhapatoense@gmail.com

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