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Maria Baixinha na frente da sua residência

No começo de julho a senhora Beatriz Alves da Silva, 73 anos, popularmente conhecida em Patos como “Federal”, passou a morar temporariamente na residência do tenente reformado Gilson de Holanda e da sua esposa Jadelmarta Bezerra, localizada no São Sebastião, nas proximidades do Lava jato do Boleiro.

Beatriz residia antes na Rua Francisco Germano, no Bairro Milindra, mas há muito tempo vinha enfrentando problemas com os vizinhos, que não aguentavam mais o mau cheiro e os muitos insetos e ratos que apareciam com frequências em suas casas oriundos da residência onde “Federal” morava.

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“Federal” chega no fim da tarde trazendo suas sacolas

Motivo: “Federal” acumulava lixo e mais lixo dentro da sua casa e isso gerou denúncias no Ministério Público, na imprensa e na polícia. Como há muito tempo o problema vinha se arrastando e nada de uma solução a dona do imóvel resolveu tomar uma atitude: na ausência da idosa a casa foi aberta e se tirou todo o lixo acumulado lá dentro, que encheu surpreendentes cinco caçambas. A residência estava tomada por mau cheiro e muitos insetos, principalmente, baratas. Até hoje, um mês depois, a fedentina ainda incomoda quem entra no imóvel.

Embora enfrentassem esses problemas com Beatriz, “Federal”, os vizinhos se compadeciam dela, por ser idosa e sofrer de problemas mentais e foi justamente isso que fez com que o problema se arrastasse por tanto tempo.

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Maria Baixinha e “Federal” são amigas há três anos

“Federal” é aposentada e perambula pelas ruas como pedinte. Quando chega em casa é sempre com muitos sacos  de coisas que as pessoas dão a ela. Fruta podre, comidas estragadas, tudo as pessoas dão a ela, que vai acumulando e não joga fora nada do que recebe.

O tenente reformado Gilson e sua esposa conhecem Beatriz há muitos anos e sempre a ajudaram e nesse momento em que ela ficou sem residência a acolheram temporariamente enquanto tentavam encontrar um novo imóvel para alugar para a idosa.

Depois de muito buscar um lugar, pois quando os proprietários dos imóveis ficavam sabendo que seria ocupado por “Federal” se negavam a alugá-lo pelos motivos já narrados, o casal acabou encontrando uma casinha que atendia bem às necessidades da idosa, no Bairro Santo Antônio. O imóvel só foi alugado mediante um compromisso: Os dois se comprometiam a comparecer à residência toda semana e fazer uma faxina. Uma cópia da chave da casa seria feita para que o casal entrasse para fazer a limpeza quando a idosa saísse, pois “Federal”, estando presente, não permite que ninguém mexa nas coisas dela.

O acordo foi firmado há um mês, mas “Federal” desapareceu antes de ser levada para a nova residência. Passou dias sem dar notícia, mas ninguém se preocupou porque já é acostumada a fazer isso. As pessoas a abrigam sempre em suas casas.

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Como se aproximava de um mês que o imóvel havia sido alugado e o pagamento, feito com a própria aposentadoria da idosa, já teria de ser feito, o tenente Gilson se incomodou de pagar por algo que não estava sendo utilizado e resolveu procurar “Federal” pela cidade, e encontrou,  morando com uma idosa de nome Maria Martins da Silva, conhecida como Maria Baixinha, de 92 anos.

Maria Baixinha é viúva, teve quatro filhos, mas todos já morreram, e mora na Rua Porfírio da Costa, no Bairro de Santo Antônio, é aposentada e recebe ajuda dos vizinhos. Na residência dela se vê panos velhos e roupas velhas por todos os cantos, que ela recebe das pessoas coloca para vender em sua casa, tentando ganhar um dinheirinho extra. Na frente da sua casa está escrito “brechó”. O brechó de Maria Baixinha é pouco frequentado, mas ela diz que não liga, pois é só para “matar o tempo” mesmo.

As duas idosas já se conhecem há três anos e agora passaram a morar juntas. “Não se sabe até quando, pois “Federal” implica com tudo”, disse uma moradora, que também já demonstra preocupações com o fato da idosa  chegar na sua nova casa com muitas sacolas todo fim de tarde, o que sugere que ela já começou a acumular dentro de casa tudo que as pessoas lhe dão nas ruas e, com um agravante, a pequena casa de Dona Baixinha já é cheia de panos pra tudo quanto é lugar que se olhe. “Federal” sai logo cedo da manhã e só volta no fim da tarde, todo dia, e sempre carregada de sacolas.

Sabedor de que “Federal”  está morando com essa amiga o tenente reformado Gilson decidiu cancelar o aluguel.

Apesar das dificuldades, o bom da história é que as duas são idosas, ambas aposentadas, sem contato com suas famílias, e agora uma tem companhia para a outra.

Folha Patoense – folhapatoense@gmail.com

 

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