Gravações mostram o esquema de corrupção que desviou R$ 66 milhões envolvendo o prefeito e 10 dos 11 vereadores de Tapauá, município localizado a 450 km de Manaus.
Os desvios foram denunciados em julho pelo vereador Davi Menezes, do PSC. Em uma ação coordenada pelo Ministério Público do Amazonas (MPE-AM), ele fingiu participar dos desvios e gravou conversas com o empresário Walter Oliveira Maia, suspeito de comandar o esquema.
Neste encontro, Maia entregou dinheiro para o vereador e disse que fazia parte de um acordo com toda a câmara.
Segundo o Ministério Público, Maia foi um dos financiadores da campanha do prefeito José Bezerra Guedes, o Zezito e passou a ganhar as principais licitações para obras na cidade.
Os promotores afirmam que 10 dos 11 vereadores recebiam propina todos os meses para não fiscalizar a assinatura dos contratos.
No mês passado, nove suspeitos foram presos, entre eles o prefeito Zezito e o comandante da Polícia Militar. Antes da chegada dos agentes, o empresário Walter Maia falou com o prefeito sobre a presença da equipe de reportagem do Grupo Rede Amazônica à cidade.
“Eu acho que eles são da reportagem da globo. Eu vou daqui a pouco vou falar com o tenente, pro tenente pedi a identificação deles. Se não tiver meu irmão, é botar esses caras no xadrez. Vão filmar lá dentro do xadrez”, disse o empresário em conversa com o prefeito.
A cidade de Tapauá está sem prefeito e 10 vereadores suspeitos estão afastados. O vereador que denunciou o esquema vive agora com escolta da polícia. Na terça-feira, ele tentou voltar ao trabalho, mas foi ameaçado por manifestantes em frente à câmara. Ele teve de ser levado às pressas para Manaus.
Davi Menezes disse não se arrepender de ter feito a denúncia. “Posso falar para você que eu estou tranquilo, entendeu? Minha família graças a Deus não tá passando por essa vergonha”, disse.
O prefeito e os 10 vereadores continuam proibidos de voltar aos cargos. O empresário Walter de Oliveira Maia continua com mandado de prisão decretado e está foragido.
