Emanoel Messias em ação na caatinga
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Mesosphaerum catinguensis

A caatinga é responsável por quase 90% da vegetação da Paraíba, um bioma riquíssimo, extremamente ameaçado. O processo de desertificação tem acelerado as perdas do meio ambiente, mas em meio a esse espaço totalmente degradado os pesquisadores da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campus de Patos, e da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) estão catalogando as flores da caatinga e já descobriram até espécies que estão para entrar em extinção.

Com poucas folhas e preparada para períodos de estiagem, a vegetação da caatinga atraiu a curiosidade do botânico patoense Emanoel Messias. Com ajuda de pesquisadores da UFCG e da UEPB, Emanoel está fazendo um levantamento de flores da caatinga e foi num desses que ele conseguiu encontrar espécies novas, nunca antes catalogadas. Uma delas é um arbusto que pode atingir até três metros de altura e que tem nome difícil: Harpochilus paraibanus. “Ela se diferencia das outras espécies do gênero, onde hoje só se tem três espécies no gênero, essa é a terceira, e ele é um gênero endêmico daqui do Nordeste, ele só ocorre aqui no Nordeste. E essa espécie, em especial, por ocorre apenas no estado da Paraíba e aqui no município de Passagem”, disse o botânico Emanoel Messias.

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Harpochilus paraibanus

A pesquisa acontece no município de Passagem, na Região Metropolitana de Patos. A equipe da TV Paraíba se embrenhou na mata, junto ao pesquisador, para encontrar plantas que são raras. 2,5 km caminhando, Messias passou três anos fazendo expedições na mata e coletando espécies para conseguir dar andamento aos estudos, um desafio em plena caatinga. E foi com o objetivo de homenagear este bioma que Messias ajudou a batizar uma outra espécie que só brota nessa região: a Mesosphaerum catinguensis   também foi encontrada e catalogada. A planta lembra alfazema brava e pode ter potencial fitoterápico. “Ela é uma espécie da família Lamiaceae e do mesmo gênero da alfazema brava. Se você pegar uma das folhas e macerar pode sentir um leve cheiro, bem característico da família, e que isso possa indicar que possa ter algum fim fitoterápico nela”, continuou Emanoel.

Magno Martins é proprietário da fazenda onde as novas espécies catalogadas foram encontradas. Para o produtor rural não foi surpresa: Magno acredita na riqueza da caatinga. “Eu nasci e me criei nessas serras aqui e eu vejo que como tem essas tem mais, tanto plantas como a questão da fauna também. Tem espécies que ainda precisam ser estudadas”, disse o fazendeiro Martins.

Em breve mais um artigo será publicado apresentando a espécie para o mundo em uma revista científica inglesa, mas apesar da pesquisa ser tão importante e comemorada no campo acadêmico, surge uma preocupação: a pouca quantidade de plantas das espécies catalogadas já é um indício que elas correm risco de extinção. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, esta é uma área de alta importância biológica, mas que infelizmente está correndo o risco de passar por um processo de desertificação provocado pelo desmatamento e exploração de minérios. “Por ela ter uma população pequena, que só ocorre nesse trecho aqui da mata ciliar da fazenda, ela já é caracterizada como perigo de extinção”, finalizou Emanoel.

Veja o vídeo:

Pesquisadores da UFCG e UEPB estão catalogando flores da caatinga no sertão da Paraíba

G1 PB

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