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WhatsApp Image 2020 09 25 at 13.29.44Como debater com a sociedade a importância de respeitar o próximo, quando na festa da padroeira de Patos isso não ocorre? Ontem, mesmo depois de tantos apelos ao longo dos últimos dias, o encerramento da festa teve uma grande queima de fogos. Os relatos nos grupos de WhatsApp com pais de autistas e cuidadores de animais domésticos relatando o pânico das crianças e dos bichos é de causar revolta.

Precisamos iniciar um movimento por mudança de hábitos que causam sofrimento a pessoas e animais. Por mais que lutemos por leis que proíbam o uso de fogos de artifícios com barulho, tipo estampido, as pessoas precisam entender e respeitar a razão dessa luta.

Pessoas com hipersensibilidade auditiva, especialmente crianças autistas que têm dificuldade na regulação de emoções fortes e sofrem com crises de pânico, pessoas enfermas, animais domésticos estão tendo o seu sofrimento ignorado, bem diferente do amor ao próximo pregado na Bíblia. Será que já pensaram na quantidade de famílias que não podem comparecer a um evento como esse porque seus filhos terão crises de pânico?

Ano passado, a Lei Municipal de Proteção aos Direitos dos Autistas (lei nº 5.102/2019), de autoria da vereadora Lucinha Peixoto, aprovada por unanimidade em duas sessões na Câmara Municipal, proibia “no âmbito da zona urbana do Município de Patos, a utilização de fogos de artifício que produzam barulho” (art. 6º).

Uma manobra que recebeu o nome técnico de “acréscimo” em sua redação, de autoria dos vereadores Góia e Dito, permite que eventos religiosos, esportivos, culturais, festejos juninos, datas comemorativas dentre outras, possam praticar a soltura de fogos de artifícios.

Veja que a manobra é, em sua essência, um veto ao próprio projeto. Eles “revogaram” a essência do artigo 6º da lei, permitindo assim que a soltura de fogos barulhentos voltasse a ser permitida.

Segundo o vereador Góia, um dos autores do “acréscimo” de lei, “quem sai ganhando são os fogueteiros que podem comercializar seus fogos normalmente”. Ou seja, o lucro às custas do sofrimento alheio foi colocado acima da saúde de pessoas e animais vulneráveis. Precisamos questionar a posição desses vereadores que mudam de posição conforme conveniências danosas. Precisamos também debater com os comerciantes de fogos que há alternativas que não causem tanto mal às pessoas.

No Brasil, o movimento por fogos sem estampido tem crescido e há práticas responsáveis e leis municipais em vigor nas cidades de São Paulo-SP, Recife-PE, Vitória-BA e Itapemirim-ES. Precisamos avançar como sociedade no respeito e proteção aos mais vulneráveis. O clamor é por cidadania na construção de uma cidade mais justa e inclusiva.

Jossely Oliveira

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