Cantor sertanejo morre por complicações da Covid-19, no Paraná — Foto: arquivo pessoal
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Humildade e carisma foram as marcas deixadas pelo cantor sertanejo Diego Argenton, de 28 anos, que não resistiu às complicações da Covid-19, no Paraná. Morador de Assis Chateaubriand, no oeste do estado, ele fazia dupla com Bruno Bortoloto havia onze anos.

Os dois haviam cancelado a agenda de shows durante a pandemia, segundo a família. Diego deixou a esposa Nathalia Eichinger Argenton e dois filhos, o Lucca, de quatro anos, e a Lara, de 40 dias.

“Ele era único, carismático, querido, atencioso, amoroso, cativante. Deixou muitos amigos, fãs por todos os lugares. Ele me ensinou tudo de melhor, ele me tornou uma pessoa diferente, mas ele esqueceu de me ensinar a viver sem ele. Tinha formação em música, extremamente apaixonado pela profissão. Tocava sanfona, violão, teclado, cajon, em qualquer coisa ele dava o jeito dele, fazia a arte dele e a alegria de todo mundo”, disse a esposa.

O cantor havia testado positivo para o novo coronavírus no início de março e morreu na quinta-feira (18).

A sua dupla, Bruno Bortoloto, lamentou o falecimento do amigo e parceiro na música.

“Nesses 11 anos, nunca existiu Bruno sem Diego, aprendi com você o que era humildade, o que era carisma. Sempre alegre, brincalhão e quando a gente não estava num dia legal, era você quem motivava a gente. Você sempre meu deu muita força em todos os sentidos da vida e é dessa energia que eu vou precisar daqui pra frente. Diego sempre dizia que a música tem que tocar o coração das pessoas e coração você tinha de sobra”, disse Bortoloto.

A doença

A esposa Nathalia Eichinger Argenton contou ao G1 que Diego estava com a Covid-19, mas cumprindo a quarentena isolado em casa e, apesar da febre, estava bem. Na terça-feira (16), ele começou a sentir sintomas mais fortes.

“Começou a passar mal. Levei ele no posto de Covid da cidade, e até então ele não tinha nenhum problema de saúde. Quando iniciei o pré-natal da Lara, ele também fez uma bateria de exames comigo e não tinha nada de errado. E agora nessa semana apontou a diabetes no ‘pós-Covid’, segundo os médicos. No postinho, aplicaram soro com medicamento, mas ele continuou piorando. Na quarta, eu levei ele novamente lá, tomou mais duas bolsas de soro, com complexo B, e aí sim agravou mais”, relatou a esposa.

De acordo com ela, após ver o estado do marido resolveu levá-lo a um hospital particular para tentar um atendimento melhor.

“Ele só falava: ‘por favor, não me deixa sozinho’. Ali ele já não andava direito, estava muito fraco, não comia há dias. O médico internou ele, deu soro e pediu exames. Durante a madrugada, tomou complexo B de novo. Quando foi umas 6h, o médico falou: ‘a situação é mais séria do que a gente imagina, ele está com a diabetes altíssima, agora a gente vai ter que passar sonda e se ele não melhorar vamos ter que correr atrás de um leito de UTI’. Umas 15h, conseguimos um leito em Toledo, mas para ele poder entrar, a Unimed exigia o teste RT-PCR positivo para Covid. Os outros testes, de sangue, apontavam que ele teve, mas o do cotonete já não apontava mais. O plano não quis receber o Diego pelo fato de não ter esse exame positivo”, revelou.

Nathalia Eichinger contou ainda que, devido ao “não” do plano de saúde, Diego ficou sem um leito de UTI e entrou em coma.

“Ele não suportou. É duro pensar que se tivessem aceitado ele lá talvez pudesse ter revertido a situação, ele poderia ter melhorado, ele poderia estar aqui vivo. Essa exigência do plano em ter esse exame, mesmo já confirmando de outras formas que ele teve sim o coronavírus, foi muito decepcionante. No atestado de óbito diz que ele teve coma diabético, por complicações da Covid”.

O G1 tenta contato com a Unimed.

‘Ele sempre foi luz’

Amigos, familiares e fãs postaram milhares de homenagens ao cantor sertanejo nas redes sociais.

“Tenho recebido muitas mensagens de gente de longe, mas não é fácil porque receber essa força é uma coisa, mas eu conseguir preencher esse vazio é impossível. Me desespero quando lembro da nossa rotina. Ele sempre foi luz em todo lugar que estava, ele sempre foi a nossa atração da família, da casa”, disse a esposa.

O filho deles, Lucca, vai fazer cinco anos no dia 23 de março.

“Eu pego ele [Lucca] várias vezes chorando escondido sozinho. Ele fala para mim: ‘o papai vai voltar né? Vou conseguir ver ele de novo?’ Daí expliquei pra ele que o papaizinho foi morar com Deus. Aí ele me falou: ‘mamãe, você está falando isso pra mim porque não foi você que perdeu o seu pai’. Dói demais, mas é ele e a Lara que vão me dar força para continuar sem o Diego”, contou Nathalia.

A página oficial da dupla homenageou Diego e lamentou a perda inesperada do artista.

“Poderia ser o agradecimento de mais um show realizado, mas é a gratidão de tudo que aprendemos com você Diego. Agradecemos também a todos vocês fãs pelas mensagens, pelas orações pois aqueles que passam por nós não vão sós, deixam um pouco de si e levam um pouco de nós”.

Pandemia no Paraná

O Paraná chegou à marca de 784.522 casos confirmados da Covid-19, com 8.112 novas confirmações, de acordo com o boletim divulgado na sexta (19), pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

O relatório também aponta 268 novas mortes pela doença no estado, na comparação com os dados do dia anterior. Com isso, o Paraná chegou a 14.546 óbitos registrados pelo novo coronavírus.

Todas as 399 cidades do estado possuem pelo menos um caso confirmado de coronavírus, sendo que em 391 há registro de morte.

Em Assis Chateaubriand, foram registrados 2.522 diagnósticos e 33 óbitos pela doença, desde o início da pandemia, segundo a Sesa.

G1 PR

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