Imagem composta de meteoros lirídeos e esporádicos sobre o Novo México em 2012 - Créditos: NASA/MSFC/Danielle Moser
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Ocorrerá na madrugada desta quinta feira, 22 de abril, a máxima da chuva de meteoros Líridas, uma das principais chuvas de meteoros anuais. A Líridas é considerada uma chuva de média intensidade, que costuma gerar até 18 meteoros por hora em locais favoráveis. Ela também é a primeira das principais chuvas anuais de meteoros a ocorrer depois da “seca” de meteoros que ocorre após a Quadrântidas, que tem máxima em 3 de janeiro. Por encerrar essa seca e também pelo fato da Quadrântidas praticamente não ser visível do Brasil, para muitos, a Líridas é considerada a primeira das grandes chuvas de meteoros do ano.

A Líridas é a mais antiga chuva de meteoros conhecida, sendo relatada há mais de 2700 anos pelos chineses. Ela ocorre quando a Terra atravessa a nuvem de detritos deixada pelo Cometa C/1861 G1 – Thatcher. Para nós brasileiros ela não é uma chuva tão intensa. Por aqui, teremos algo entre 7 e 15 meteoros por hora, mas apenas em locais escuros, afastados dos grandes centros urbanos. Ainda assim, é uma excelente oportunidade para encerrar a abstinência dos observadores de meteoros.

Uma chuva de meteoros é um espetáculo astronômico dos mais democráticos. Pode ser observada por qualquer pessoa que possua uma visão razoável e acesso a algum pedaço de céu. Não precisa de telescópios, câmeras e nem de nenhum equipamento especial. Basta ter disposição para perder algumas horas de sono e olhar para o céu.

Meteoros e Chuvas de Meteoros

Um meteoro, popularmente conhecido como ‘estrela cadente’, nada mais é do que um fenômeno luminoso que ocorre quando um pequeno fragmento de rocha espacial atravessa nossa atmosfera em altíssima velocidade. Quando isso ocorre, esse fragmento comprime e aquece muito rapidamente o gás atmosférico à sua frente, formando uma bolha de plasma (gás aquecido e ionizado) que brilha como uma lâmpada por um tempo muito curto, de uma fração de segundo a, no máximo, alguns poucos segundos.

Meteoros são fenômenos comuns e podem ser vistos com frequência em todas as noites. Entretanto, em certas épocas do ano, a Terra atravessa uma área do céu que possui uma quantidade maior de detritos deixados por cometas ou asteroides. Quando isso ocorre, vários desses fragmentos atingem a atmosfera ao mesmo tempo, formando as chuvas de meteoros.

Todos os meteoros de uma mesma chuva atingem a atmosfera paralelamente uns aos outros. Isso porque seguem aproximadamente a mesma órbita do cometa ou asteroide que deu origem a eles. Entretanto, devido ao efeito de perspectiva, para um observador na Terra, esses meteoros parecem se originar de um mesmo ponto no céu, chamado de radiante. No caso da Líridas, esse radiante fica na Constelação da Lira. Por isso o nome dessa chuva é Líridas, pois os meteoros aparentemente vem da Constelação da Lira.

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Meteoros paralelos vistos em perspectiva – Créditos: BRAMON

Líridas esse ano

Como o radiante dessa chuva fica na Lira, que é uma Constelação da região Norte do Céu, ela é melhor observada nos países do Hemisfério Norte, onde deve apresentar até 18 meteoros por hora. Aqui no Brasil, quanto mais ao norte estiver o observador, mais meteoros terá chance de ver.

Na Paraíba, os lirídeos (como são chamados os meteoros da Líridas) poderão ser observados a partir das 23h da quarta-feira (21), mas ainda em baixa intensidade devido à presença da Lua Crescente e à baixa elevação do radiante no céu. Após o pôr da Lua (por volta da 0h40) e à medida que o radiante for ficando mais alto no céu, a quantidade de meteoros vai aumentando, até atingir seu momento mais intenso no final da madrugada, quando poderão ser contemplados até 13,6 meteoros por hora, dependendo de onde esteja o observador.

Como já foi visto anteriormente, a Líridas não é uma chuva de meteoros muito intensa. Mas na verdade, ela é meio imprevisível, conhecida por apresentar surtos, ou seja, elevação na taxa de meteoros por hora em certos anos. Assim foi em 1982, quando observadores americanos se surpreenderam com um surto de mais de 100 meteoros por hora. Japoneses em 1945 e gregos em 1922 também reportaram algo semelhante. Não está previsto nenhum ‘surto’ para esse ano, mas ficaremos na torcida para que a Líridas nos surpreenda!

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Meteoros da Líridas registrados a partir do Observatório Las Campanas, no Chile – Créditos: Yuri Beletsky

Como observar

A Líridas é uma das chuvas de meteoros mais visadas do ano. Ela ocorre entre 16 e 25 de abril, que é o momento em que a Terra atravessa a trilha de detritos deixada pelo Cometa C/1861 G1 (Thatcher) em passagens anteriores pelo Sistema Solar Interior. O momento de maior intensidade dessa chuva será na noite entre 21 (quarta) e 22 (quinta) de abril, quando passamos pela região mais densa dessa trilha. Essa noite é, sem dúvida, o melhor momento para se observar a Líridas, especialmente, nas últimas horas da madrugada do dia 22, quando a atividade de meteoros estará mais intensa. Na noite seguinte, (entre 22 e 23 de abril), também será possível observar alguns lirídeos no final da madrugada, mas em menor intensidade.

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Meteoros da Líridas sobre o Lago Se? na República Tcheca em 2020 – Créditos: Petr Horálek

Na Paraíba, os meteoros vão começar a surgir após às 23h e vão se intensificando até o amanhecer. Mas se não tiver disposição para acompanhar a noite inteira, o ideal é acordar por volta da 01h30 da manhã e ficar até começar a clarear.

O local ideal para observação é qualquer um que esteja longe das luzes dos grandes centros urbanos, que além de ofuscar os meteoros mais tênues, também diminuem a sensibilidade da nossa visão. Evidentemente que, em meio a uma pandemia, é importante evitar atividades em grupo, e muita gente vai preferir não sair de casa. Ainda assim, é possível observar uma chuva de meteoros estando em área urbana.

Para isso, é preciso procurar um local o mais escuro possível e que tenha uma boa visão do céu. Procure desligar as luzes ao redor e bloquear as luzes que não puder desligar. Isso ajudará a sua visão a se adaptar às condições de baixa luminosidade tornando-a mais sensível. Aí, é só se sentar ou se deitar confortavelmente, olhar para o céu e esperar pelos meteoros.

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Céu da madrugada de 22 de abril, com o radiante da Líridas próximo à estrela Vega

Marcelo Zurita – (83) 99926-1152

APA – Associação Paraibana de Astronomia
BRAMON – Rede Brasileira de Observação de Meteoros
SAB – Sociedade Astronômica Brasileira

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