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Crônica da Quinta

A mudança dos mortos do Oeste

“Desde que nascemos a morte vai traçando a trajetória da vida” – Lya Luft.

A noite sem ocaso chega indubitavelmente para todos, sem distinção como uma inimiga que nos espreita de forma rasteira, veloz, silenciosa e fatal.

Da noite escura da própria existência atravessamos o limiar da vida para eternidade.

Esse preâmbulo não é um conto ou novela de cunho religioso ou tétrico, nada disto.

É uma observação que perdura desde que comecei a ter dentes, e os que restam estão por cair e a mesma história se repete.

Se trata de uma promessa ora presente ora ausente no imaginário das falácias de postulantes a cargos públicos em esfera municipal, sobretudo para tomar assento na  cadeira do alto posto no Palácio Clóvis Sátiro, sede do poder Executivo.

Pois bem, entra gente, esquenta gente na confortável poltrona e sai e retorna sem mexer um dedo para resolução do problema.

Devo alertar que na zona “Oeste” da cidade de Patos também infelizmente se “morre”, entretanto essa parte da cidade é desassistida de um lugar digno para sua última morada.

Já passa da hora de ser construído um Cemitério Público Municipal para atender uma grande parte da população que habita essa zona da  que tem que fazer literalmente a última viagem quando chega a hora de ser sepultada.

Atravessar com um esquife num carro fúnebre de um lado para outro da cidade se delimita numa estupidez e insensibilidade sem tamanho, um verdadeiro desfile com o morto em carro aberto ou fechado com direito às vezes trilha sonora e tudo.

Os cemitérios da cidade de Patos não comportam a demanda por enterros, as famílias são obrigadas além da dor da perda de seu ente querido peregrinar nos 4 cemitérios públicos municipais mendigando um lugar, um pedaço de terra, um túmulo emprestado, uma cova com 7 palmos abaixo da boa vontade do poder público.

Irão me alertar que temos inclusive um Campo Santo privado que atende determinado setor da sociedade, sei disto mas somente usufrui a classe rica, que pode pagar o condomínio fechado e descansar num jardim.

Talvez eu tenha a resposta para esse despropósito de sermos uma cidade que cresce em números populacionais, e evidentemente os óbitos acompanham assustadoramente.

Sabe, defunto não dá voto, morto não caminha em passeata, a função biométrica e eleitoral se desfaz com a retirada do caderno de votação por parte de quem jaz sem lugar para ser sepultado.

Não estranhem quando dentro em breve, a cidade de Patos for considerada uma terra de zumbis, não os “mortos vivos” mas antes “mortos perambulando na zona oeste sem túmulo”.

Por favor, moradores dos bairros: Morro, Liberdade, Santa Clara, Bivar Olinto, Geraldo Carvalho, Geralda Medeiros e Residencial Itatiunga fica decretado sem veto que todos estão proibidos de morrerem, e se isto contrariando o poder Público Municipal vocês não terão onde caírem mortos, literalmente.

Carlos Ferreira da Silva – Acadêmico de Pedagogia – UNIFIP – carlossilva@pedag.fiponline.edu.br

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