Atual pista de pouso em Patos
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Crônica da Quinta

Nas Asas da desconfiança

Era um lindo dia de sol na cidade que tem o Astro-Rei como seu morador ilustre, e o céu estava todo azul, límpido e pronto para uma notícia que fez borbulhar os bastidores da cidade de Patos e, aliás, de toda a região.

O governador do Estado da Paraíba e demais autoridades políticas estavam radiantes para o noticioso que veio em forma de live, anunciar, enfim, que a regionalização aérea saiu do papel.

Evidentemente não seria tolo de não concordar com auspiciosa notícia que faz crescer o nome de nossa cidade, ampliar a rota turística, facilitar a vida dos transeuntes aeroportuários e encurtar distâncias entre a capital do sertão paraibano e a grande Recife.

Antes de encomendar meu abadá para tomar parte do desfile do Galo me pus a pensar: “temos estrutura para essa viagem, oferecemos o mínimo de conforto nesta transação?”.

Não seria demais lembrar o episódio épico de um avião de pequeno porte impedido de pousar em nossa pista de aviação porque na pista se encontrava um animal quadrúpede, um jumento, a pastar tranquilo e ostentando sua carteira de aviador.

Ou não estou bem informado se permanece bem próximo do aeroporto ou há um lixão a céu aberto, que vez por outra, incendeia.

O acesso para nossa pista de pouso se dá via “Alça de Pirulito” (nome de outra crônica minha), na qual a insegurança é a vizinha e a companheira é a escuridão.

Como sempre no Brasil, o país do jeitinho, do adaptável, da meia-sola, do improviso receberemos um voo nas “Asas da desconfiança”.

Mas não nos preocupemos o mesmo órgão governamental responsável pelo tapa buraco e outras tantas secretarias municipais mágicas entrarão em cena: capinagem, terraplanagem, pintura do meio fio com água de cal, iluminação (se a empresa funcionar), parcerias privadas tudo concorre para o bem dos que voarão em céu de brigadeiro, se os urubus derem a licença poética.

Daí cortada a faixa da inauguração da obra, ainda não iniciada, nos dirijamos ao guichê de atendimento aéreo, compremos nossa passagem e embarquemos rumo à capital pernambucana, pois algo em comum temos: o marco zero.

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Carlos Ferreira da Silva – Acadêmico de Pedagogia – UNIFIP – carlossilva@pedag.fiponline.edu.br

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