Maria José recorreu ao fogão a lenha para poder cozinhar após 8° aumento no preço do gás na Paraíba — Foto: reprodução/TV Cabo Branco
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Com o oitavo aumento no preço do gás de cozinha na Paraíba apenas em 2021, algumas famílias estão recorrendo ao uso do fogão a lenha por não ter como encaixar o botijão no orçamento da casa. Para o consumidor final, o reajuste do gás deve representar um aumento de R$ 7 a R$ 10. Esses números são sentidos no dia a dia dos paraibanos, que precisam encontrar formas de sobreviver em meio a um cenário onde o preço dos produtos só aumenta.

O que já era difícil fica cada vez pior, como conta Maria José. Ela mora em Mangabeira, na Zona Sul da capital. Tem três filhos, trabalha com reciclagem e recebe ajuda da Central Única das Favelas (Cufa) na Paraíba.

“Mesmo assim, tenho muita dificuldade pois tenho que escolher entre o gás e o alimento pra meus filhos pois o custo de vida tá muito alto”, lamenta.

A situação de Risonete Vieira é semelhante e ela também se viu obrigada a recorrer ao fogão a lenha. “Do jeito que tá as coisas, tudo alto, aumentando, fica muito difícil pra a gente”, desabafou.

Segundo o Sindicato de Revendedores de Gás GLP, o novo preço deve variar de R$ 105 à R$ 110. O atual aumento, que já começa a ser aplicado no valor final do produto nesta quinta-feira (2), não vem da Petrobras. Isto significa que ainda existe previsão para mais um aumento no valor do botijão de gás para este ano, como explica o presidente do Sindicato dos Revendedores de Gás de Cozinha da Paraíba (Sinregás), Marcos Antônio:

“Esse aumento não vem da Petrobras, mas sim do dissídio coletivo da categoria, para cobrir os custos da revenda, causados pela inflação. Por parte da Petrobras, pode ter mais aumento ainda este ano”, conta.

De acordo com o economista Cássio Bessarria, o aumento no valor do gás de cozinha está relacionado ao valor do dólar, pois hoje é preciso de mais reais para obter um dólar. Levando em consideração que precisamos importar insumos para combustíveis, quanto o dólar aumenta consequentemente o valor dos combustíveis também aumenta. Logo, o alto valor do dólar acaba influenciando os preços domésticos.

“A gente tem alguns componentes que contribuem no aumento do preço, por exemplo, em relação aos alimentos temos o período sazonal, onde tem a alta safra, em que o preço dos alimentos cai e temos a baixa safra, em que os preços sobem”, explica o economista.

Cássio ainda explica que as previsões não são boas. “Quando a gente pega a o valor da cesta básica, que hoje em dia é uns R$ 500, e do gás, que está R$ 110, estamos falando de 50% da renda dos mais pobres. Dados do IBGE, de julho deste ano, dizem que a taxa de inflação dos mais pobres é quase de 10%, enquanto a taxa de inflação dos mais ricos é de 6%”, informa.

G1 PB

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