Medo, dias entubados, dor e superação. Essa foi a trajetória do 3º Sargento da Polícia Militar de Patos, lotado em Catolé do Rocha, Levy Jerônimo dos Santos, de 50 anos, que ficou “cara a cara com a morte”, após contrair o vírus da Covid-19.
Dia 10 de janeiro veio a confirmação da doença. 14 dias com sintomas leves e cumprindo o isolamento social em casa. Mas no dia 24 do mesmo mês o quadro agravou quando ele começou apresentar alterações na saturação e logo foi levado à UPA. Diante da manutenção da gravidade, precisou ser transferido para o Complexo Hospitalar Regional Deputado Janduhy Carneiro. Começava, ali, a batalha pela vida.
Durante todo o processo, a contar do dia em que ingressou no hospital, o senhor Levy teve sucessivas pioras e chegou a ficar com 90% dos pulmões comprometidos. Só na UTI foram 26 dias, destes 17 entubado. Nesse período a fé e a medicina se uniram numa grande batalha, que por vezes parecia perdida, mas a esperança sempre prevaleceu.
Perseverante, a esposa do PM, dona Rosa Maria, decidiu fazer louvores e momentos de oração no estacionamento do hospital. A ideia foi a resposta de uma oração que ela fez a Deus para apoiar o esposo durante o tratamento. Os dois filhos do casal, Lyncoln Lyev e Lucas Gabriel, deram total apoio a mãe e juntos colocaram em prática a ação de fé que no início acontecia sempre ao meio-dia. O que eles não sabiam é que o local onde eles clamavam era ao lado da janela da UTI onde seu Levi estava. Uma coincidência prepara por Deus.
“A ideia dos foi uma luz que minha mãe Rosa Maria Monteiro dos Santos pediu a Deus em oração de como poderíamos dar mais força a ele durante este período. E ela sentiu isso muito forte. Fomos ao hospital todos os dias ao meio-dia no mesmo local onde ele havia sido deixado na ambulância. Não sabíamos que ele estava exatamente naquela janela ao nosso lado. Rezamos ali porque lá ele tinha sido entregue e era dali que nós queríamos recebê-lo de volta. Com o passar dos dias foi que descobrimos que ele estava na UTI ao nosso lado. Minha mãe voltou a trabalhar e começamos a ir rezar em horários diferentes, sempre às 17h ou 18h”.
O filho Lyncoln relembra os dias de aflição e da força que conseguiam ter através das orações.
“Foram momentos de muita emoção pela gravidade da situação dele. A equipe médica estava fazendo de tudo por ele, mas era um quadro muito grave. Mas em nenhum momento paramos de rezar e pedir a Deus, a Nossa Senhora das Graças e ao Arcanjo Rafael pelo nosso milagre. Foram dias de vigília e orações intensas, sem parar. Não só no hospital mas em nossa casa também. Nosso conforto vinha de nós mesmos que nos dávamos forças e das nossas orações. Não podíamos entrar lá para estar ao lado dele. E isso doía”.
O milagre que a família tanto esperava veio. No último domingo (20), seu Levy foi transferido para a enfermaria e saiu do quadro grave.
“Meu pai é considerado um milagre por todos os profissionais de saúde que o acompanharam. E nós temos certeza disso. O milagre que pedimos aconteceu e nos comprometemos a levar o testemunho dessa graça para todas as pessoas. Eu também tive uma experiência muito forte com Nossa Senhora das Graças e sei que ela esteve a todo momento ao lado do meu pai”.
Mas a notícia mais aguardada finalmente chegou nesta quinta-feira (24), por volta das 11h da manhã, quando ele recebeu alta depois de 29 dias de luta.
O Clínico Geral do Complexo Regional, José Sampaio Neto, um dos profissionais que acompanhou a evolução do quadro do paciente na UTI Covid, reforça que o senhor Levy era um paciente em estado muito grave e que teve uma melhora inexplicável, do ponto de vista médico.
“O paciente já chegou grave, evoluiu com uma síndrome respiratória severa devido ao Covid, tinha um prognóstico bem reservado, foi intubado, teve parâmetros infecciosos muito difíceis, piora na função renal e apresentava um quadro muito crítico, mas, ele conseguiu superar esse processo todo e de uma semana para outra teve uma melhora, do ponto de vista da Medicina, inexplicável, evoluiu bem, depois foi extubado e realmente foi um acontecimento que nos marcou muito”, relatou Dr. Sampaio.
A luta pela vida agora deu lugar à luta pela recuperação plena.
