Cláudio Roberto (1952-2022) - Foto: Márcio Alves/O Globo
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Morreu no último sábado (30), aos 70 anos, o compositor Cláudio Roberto, um dos grandes parceiros de Raul Seixas nos anos 1970 e 80. Ele morreu em casa, em Miguel Pereira, centro-sul do Estado do Rio, vítima de complicações de uma cirurgia para implantar uma válvula no coração. A informação é do G1.

Ao lado de Cláudio Roberto, Raul Seixas fez algumas de suas músicas mais famosas, como “Maluco beleza”, “Aluga-se”, “Rock das aranha” e “Cowboy fora da lei”. Eles eram amigos desde a juventude e se conheceram em 1963, quando Raul tinha 18 anos e Cláudio Roberto tinha 11. Cláudio foi o primeiro namorado da prima de Raul, a escritora Heloísa Seixas. A primeira canção composta pela dupla foi “I don’t really need you anymore”, de 1968.

De lá para cá, foram mais de 30 canções feitas a quatro mãos por Raul e por Claudete, apelido carinhoso de Cláudio Roberto dado pelo parceiro. Foi com ele que Raul fez seu primeiro álbum dividido com um único parceiro, “O dia em que a Terra parou”, de 1977.

Claudete, como era chamado por Raul, passou por uma período difícil após a morte do amigo — Foto: Márcio Alves / Agência O Globo

Nascido no Catete, Cláudio Roberto estava isolado há anos em Miguel Pereira, onde levava uma vida discreta. Ele chegou ao município há mais de 40 anos para passar lua de mel com sua segunda mulher, Ângela, com quem teve duas filhas. Acabaram ficando. Depois, mais tarde, se casou com Elizete, com quem teve outros dois filhos. Ele já tinha uma primeira filha do primeiro casamento.

Ao GLOBO, em 2014, Cláudio Roberto falou sobre o momento difícil que passou quando soube da morte de Raul Seixas, em 1989. Ele cheirou cocaína por 45 dias seguidos e passou dez anos atordoado com a perda do amigo.

— Quando eu acordava chorando, esticava uma carreira enorme, cheirava e ficava ali, parado, esperando aquela sensação ruim passar. Isso me fez muito mal. Não tanto pela agressão ao organismo, mas por eu ter passado muito tempo negando a morte dele, sem enfrentar isso. Hoje, não uso mais cocaína, mas naquela época usei para me esconder, e não por motivos lúdicos. Isso é uma coisa da qual me arrependo — confessou ele, 25 anos depois. — O Raul levou com ele um pedaço meu que só existia enquanto ele era vivo.

Na mesma entrevista, o compositor também falou sobre a antipatia que tinha por outro parceiro Raul Seixas, o escritor Paulo Coelho.

— Não tenho, nem nunca tive relação com o Paulo. Eu não disse que te adorei no primeiro alô? — perguntou à repórter. — O Paulo eu detestei no primeiro olhar. Não nego o excepcional talento que ele tem com as palavras. Mas o considero um pulha — disparou.

O Globo

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