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Uma recenseadora do IBGE que tinha um adesivo do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu carro foi retida por mais de três horas nesta sexta-feira, 4, em uma chácara de Araçoiaba da Serra, na Região Metropolitana de Sorocaba.

Segundo o relato do marido, que é professor e estava trabalhando em outra cidade da região, a trabalhadora foi até uma chácara para fazer a entrevista do Censo 2022. Entretanto, depois que os moradores viram o adesivo, bloquearam a saída de seu carro. Segundo o marido da recenseadora, os moradores chegaram a ameaçá-la de morte.

Conforme as informações preliminares obtidas pelo Porque, a Polícia Militar foi chamada, mas os policiais que compareceram ao local não liberaram imediatamente a moça. Pelo contrário: eles teriam confraternizado com o proprietário da chácara, conversando e tomando café como se nada estivesse ocorrendo de grave no local.

De acordo com a denúncia do marido, a mulher ficou desde as 11h30 até as 14h50, aproximadamente, dentro do carro, debaixo de sol e sem poder se alimentar. Foram mais de três horas de cárcere privado.

Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado, é crime previsto no artigo 148 do Código Penal brasileiro. A pena para esse crime é reclusão de um a três anos, e pode ser aumentada para dois a oito anos, “se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral”.

Segundo o Porque apurou, após ser liberada, por volta das 14h55, a mulher dirigiu até sua casa em Sorocaba, sendo seguida no trajeto por um carro de passeio (um Fiat Uno com uma bandeira gigante do Brasil) e uma viatura da Polícia Militar.

Segundo o marido da vítima, que fez um apelo nas redes sociais por socorro, nas mais de três horas de detenção, a recenseadora sofreu xingamentos e ameaças, sem que a PM tivesse cumprido sua função de protegê-la e libertá-la.

“Ela está em estado de choque, está chorando demais. Foi muita humilhação, muito nervosismo. Foram [quase] quatro horas presa dentro da chácara, uma mulher sozinha cercada de homens, cercada de policiais, com gritaria, xingamentos, humilhações… Quem viveu uma ditadura sabe o que é isso”, relatou o marido, por volta das 16h15.

O casal tem filhos pequenos, que estavam na escola infantil. A recenseadora teria que ter voltado a tempo de apanhá-los, o que aumentou ainda mais sua aflição.

O Porque está acompanhando o caso e voltará a qualquer instante, quando houver mais informações. Um questionamento formal foi encaminhado à Polícia Militar, para que se posicione diante do ocorrido.

Portal Porque

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