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O Radiotelescópio Bingo, que está sendo instalado no município de Aguiar, no Sertão da Paraíba, foi destaque na edição de maio da revista Carta Capital. O maior radiotelescópio da América Latina recebeu o investimento de aproximadamente R$ 13 milhões pelo Governo da Paraíba, por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq), e conta com a participação de cientistas da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) na sua projeção.

De acordo com o que trouxe a Carta Capital, o projeto esteve na agenda do presidente Lula na recente viagem que fez a Pequim e consta na declaração conjunta assinada por Brasil e China. No documento, os dois chefes de Estado declararam apoio mútuo ao Bingo e ressaltaram que “o uso pacífico do espaço exterior, incluindo a exploração do espaço profundo, deve ter o Direito Internacional como base e deve ser favorável à promoção da cooperação internacional”.

O Bingo promete ser o único radiotelescópio do mundo a fazer leitura das ondas acústicas de bárion no universo, usando tecnologia de ponta, como a nova geração de radares. Além disso, esse é um dos únicos projetos científicos internacionais a ter presença majoritária de cientistas brasileiros na coordenação.

Além de pesquisadores da UFCG, o projeto conta com cientistas da USP e a expertise do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Toda estrutura física está sendo fabricada pela gigante chinesa CETC 54, a mesma empresa que construiu o maior radiotelescópio do mundo.

O principal objetivo é mapear emissões de hidrogênio no espaço escuro, através das ondas de rádio, para estudar a expansão do universo. Ou seja, com base nas emissões de hidrogênio neutro no espaço profundo e, a partir daí, com o uso das oscilações acústicas de bárions como régua-padrão, será possível medir o ritmo dessa expansão.

Amílcar Rabelo, pesquisador da UFCG e coordenador do projeto, concedeu entrevista à Carta Capital e explicou que o radiotelescópio brasileiro vai medir onde tem mais e onde tem menos átomos de hidrogênio neutro, desenhando uma espécie de mapa que possibilita adentrar na energia escura para medir a expansão do universo.

“A gente fixa um instante no tempo cosmológico do universo e aí mede como estão distribuídos parcialmente esses hidrogênios. Com isso, a gente vai poder fazer como se fosse um filme, como se fossem fotografias, em distintos instantes de tempo. Isso vai nos dar informações de como está ocorrendo essa expansão acelerada do universo”, disse o cientista paraibano.

A previsão é de que, até o fim do ano, a estrutura física do Bingo esteja toda implantada, mas os dados propriamente ditos só começarão a ser registrados em 2024.

De acordo com o que explicou o cientista e físico Élcio Abdala, coordenador-geral do Bingo e professor da USP, à Carta Capital, a escolha do sertão paraibano para a instalação do equipamento deu-se por ser uma região sem contaminação ou interferência de sinais de celular ou aeronaves, por exemplo.

Já o secretário-executivo da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia, Inovação Ensino Superior da Paraíba, Rubens Freire, celebrou o fato de o Estado da Paraíba poder proporcionar esse crescimento científico ao país e ao mundo.

“O governo da Paraíba investe em um projeto científico de alto nível, que vai fazer de Aguiar um ponto de atração global. Já estamos colhendo frutos. Várias pessoas que têm se formado, feito doutorado em torno do projeto, que trabalham com estatística, têm sido requisitadas por bancos, pelo setor financeiro, para trabalhar com análise de risco. Essas pessoas passam a ter remunerações consideráveis, às vezes trabalhando no próprio estado da Paraíba”, disse em entrevista à Carta Capital.

SECOM-PB

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