Patos (Foto: reprodução)
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Na semana que passou foi atendida a metade da expectativa sobre quem serão os candidatos a prefeitos pelos grupos tradicionais de Patos. O partido Cidadania, do deputado Érico Djan, e o PROS ao qual se filia a primeira dama Mirna Nóia Wanderley, resolveram se unir para formar uma chapa majoritária. Érico é o pré-candidato a prefeito e Mirna a pré-candidata a vice, com a bênção do prefeito afastado Dinaldinho Wanderley que leva para à coligação o apoio do MDB. 

 

O acordo teria o patrocínio do atual governador João Azevedo (Cidadania) e do senador José Maranhão (MDB). João Azevedo preparando o caminho para sua tentativa de reeleição. José Maranhão tentando manter seu partido no páreo para futuras disputas eleitorais. O acordo em Patos, reproduz coligação semelhante formada em Guarabira. 

 

Mirna é uma mulher articulada, profissional de Medicina respeitada e conta com o respaldo do grupo do saudoso prefeito e deputado Dinaldo Wanderley. É um reforço e tanto para a chapa anêmica do deputado Érico Djan.  Há, entretanto, quem entenda que a lei eleitoral não permitirá a candidatura de Mirna, uma vez que Dinaldinho ainda é prefeito de Patos e uma candidatura de parente seu  até segundo grau só seria possível se ele houvesse se afastado definitivamente da prefeitura seis meses antes das eleições. 

 

Há quem argumente, por outro lado, que Mirna estaria utilizando a chance que Dinaldinho teria de disputar a reeleição. Só que, neste caso, ela teria que ser candidata a prefeita e não a vice. Afinal, Dinaldinho só poderia ser candidato a prefeito e nunca a vice, é tanto que nem ousou participar da chapa. E por que não participaria como candidato a prefeito? E por que não Mirna na cabeça da chapa? 

 

Alguns levantam como argumento em favor da presença de Mirna na chapa, para o fato de dois políticos matreiros como João Azevedo e José Maranhão terem apadrinhado a chapa. Será que não fizeram pelo menos uma consulta ao TSE? 

 

Nos meios jurídicos há quem levante para o caso uma hipótese. A de que, na realidade, os patrocinadores da chapa estariam lançando a chapa de propósito para provocar a juridicização do registro, mais adiante, e criar, com isso, um clima de vitimização, apelando para a memória bem viva de Dinaldo Wanderley, para alavancar a chapa mesmo que colocassem outro em lugar de Mirna.  

 

O lançamento da chapa Érico/Mirna e o esperado lançamento da chapa do grupo Motta vão jogar lenha na fogueira, por conta da linha política pregada pelo candidato Ramonilson Alves. Ele promete uma administração voltada para os interesses da cidade e não para os interesses dos grupos políticos que a vêm governando desde sempre. Por isso ele estaria descartando acordos com os grupos tradicionais. E, segundo se comenta, isto é um desejo majoritário da população, revoltada com a situação político e administrativa a que chegou a cidade de Patos. Será que o desejo de mudanças vai predominar? Será que a antiga polarização vai ser quebrada.  

 

Para os partidários de Ramonilson, como a cidade pode mudar se nas outras chapas competitivas só existem candidatos ligados aos grupos tradicionais?  

 

Este seria também o pensamento de grande parte da população, segundo os observadores da política local e os que vêm acompanhando a pré-campanha.   

 

Isto considerando que há uma tendência antiga de polarização entre dois ou três candidatos. Já que os demais seriam meros figurantes, desejando apenas aparecer ou eleger um eventual vereador.  

 

Outro fato levantado por pessoas desejosas de mudanças de qualidade na administração municipal. Como um prefeito, no caso do partido Cidadania, poderia mudar as coisas se tem o anunciado apoio do PSL, onde estão grande parte dos vereadores patoenses, renegados pela população? Como seria um governo com aqueles vereadores, que em sua maioria só têm atrapalhado? 

 

Para termos uma ideia definitiva de como será a campanha eleitoral, resta a definição do candidato do grupo Motta. O grupo hoje já manda na administração municipal, com as mudanças que foram feitas ou anunciadas. Qual seria a pretensão de Ivanes? Ele só pode ser candidato a reeleição como prefeito. Não pode ser candidato a vice nem a vereador. Por que Nabor não lançou até agora o seu próprio nome? Segundo alguns observadores, Nabor só espera que Ivanes se convença de que não teria nenhuma chance de ser vitorioso numa tentativa de reeleição. Com isso, sem melindrar Ivanes, Nabor seria o candidato a prefeito, contando com o apoio do prefeito interino, o que seria essencial para as pretensões do grupo, cuja sobrevivência depende da “muda”.  

 

Vamos esperar para ver. Mas, provavelmente, só teremos um quadro claro depois dos registros das diversas chapas. Até lá, a candidatura de Mirna vai continuar um mistério, dependendo de decisões judiciais. E, até quem sabe retirada, a depender da voz das ruas, colhida pelas pesquisas, se a chapa não decolar. Afinal o conceito de Érico não está muito alto junto da populaçãoE a injeção de ânimo dada pelo anúncio do nome de Mirna pode não ser suficiente para fazê-lo decolar, apesar do apoio de João Azevedo e José Maranhão.  

 

Luiz Gonzaga Lima de Morais – lgmorais@uol.com.br

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