Betânia venceu o câncer de mama com ajuda da filha — Foto: Instagram/Geilza Carla
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Betânia tem poucos registros do período que fazia o tratamento, mas fez questão de posar ao lado do marido na formatura dele — Foto: Geilza Carla/Arquivo

“Por que eu?”. Esse foi o primeiro pensamento que passou pela cabeça de Maria Betânia de Lima Silva, de 52 anos, quando foi diagnosticada com câncer de mama em 2011. A reação dela à doença, no primeiro momento, foi de raiva, negação e medo. Sete anos depois e curada, ela divide a experiência que passou e a esperança da melhora com outras mulheres.

A dona de casa descobriu que estava doente enquanto fazia exames de rotina com uma ginecologista. A médica sentiu um nódulo em um dos seios da paciente e a encaminhou para uma mastologista, que viu a necessidade de uma cirurgia para a remoção dele.

Depois da operação, um período de ansiedade marcou a espera pela biópsia que diria se o nódulo era benigno ou maligno. Após 17 dias, o resultado foi o que ninguém queria receber. Para enfrentar o câncer, Betânia contou que o mais importante foi o apoio da família, que esteve sempre ao lado dela.

Betânia e o marido, João Severino da Silva, de 58 anos tiveram apenas uma filha: Geilza Carla, de 24 anos, que é professora e palestrante. Quando a mãe dela enfrentou a doença, ela tinha apenas 16 anos e possuía uma rotina exaustiva para uma adolescente, que conciliava as atividades do último ano do ensino colegial com os estudos para o vestibular.

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Betânia foi convidada para dar testemunho em uma empresa de Campina Grande — Foto: Geilza Carla/Arquivo

“Por causa da idade eu não tinha muita noção do problema. No momento da confirmação fui muito forte porque ela precisava de mim. Mas durante o tratamento passei por vários momentos de fraqueza”, confessou Geilza.

As tarefas do lar e os cuidados com Betânia foram divididos entre a filha e o marido. Ele é servidor público e teve que conciliar o trabalho com o acompanhamento médico da esposa. Já Geilza não podia ter a rotina estudantil, tão incentivada pela mãe, ameaçada.

O tratamento com quimioterapia durou seis meses e o de radioterapia, um mês. Betânia confessou que não sofreu tanto com os efeitos colaterais da medicação. O que mais ela sentia eram os enjoos, mas eles impediam até que se alimentasse.

Betânia não esconde o quanto tudo foi difícil. “Eu fui uma pessoa forte durante o tratamento. Me batia um desespero, uma sensação de medo tão grande. Dá vontade de parar e largar tudo”.

Em seu relato, Betânia chama sempre atenção para a importância de ter descoberto a doença cedo através dos exames de rotina que são agentes preventivos na saúde de toda mulher.

Os registros do período são poucos, mas eles agem como espécies de retalhos na mente da dona de casa. Em 2017, ela foi convidada para dar um testemunho em uma empresa privada de Campina Grande. A oportunidade também foi de partilha. Ela e a filha dividiram o conhecimento que possuem com outras mulheres e lembram que a prevenção aumenta potencialmente as chances de cura.

Inspiração profissional

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Geilza de dedicou ao estudo molecular do câncer de mama — Foto: Instagram/Geilza Carla

A situação que a mãe passou impactou diretamente na carreira profissional de Geilza. Ela já pensava em cursar Biologia e o período só confirmou a vontade dela. Depois da graduação, ela se dedicou a um estudo molecular do câncer de mama em um mestrado. Com a mãe curada, ela pôde seguir com os estudos em Recife.

“A curiosidade me estimulou, mas também tem seu lado ruim. Quanto mais você conhece sobre o problema, mas assustado fica”, contou a jovem.

A pesquisa dela é no campo da biologia molecular. Ela estuda as relações entre o tumor e o tecido mamário. O estudo comprova que o seio o ajuda a se desenvolver, quando deveria ter uma função de bloqueio. Ela explica que é como se ele moldasse a mama para se desenvolver.

Alerta

Estudos feitos pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), o câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no Brasil e no mundo e corresponde ao surgimento de cerca de 28% de casos a cada ano. Só em 2018, a estimativa do órgão é que 59,7 mil sejam diagnosticadas com a doença.

É necessário que cada mulher apalpe e sinta as mamas no dia a dia para reconhecer suas variações naturais e identificar as alterações suspeitas. Em caso de alterações persistentes, devem procurar um médico de confiança ou o Serviço Único de Saúde (SUS).

São fatores que ajudam na prevenção da doença, segundo o instituto:

O controle do peso e da ingestão de álcool, a amamentação e a prática de atividades físicas diminuem o risco de câncer de mama;

A terapia de reposição hormonal aumenta o risco da doença e deve ser feita sob criterioso acompanhamento médico;

Entre os 50 e 69 anos, é recomendado fazer mamografia a cada dois anos;

Em caso de alterações suspeitas da mama, é necessário procurar avaliação médica rapidamente.

Por Iara Alves – G1 PB

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