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Francisco Cícero de Medeiros nasceu em 26 de março de 1934, na Praça da Concórdia 460, Estação Velha de Campina Grande, como filho de José Gabriel de Medeiros (Zé Damião) e Severina Dias de Medeiros. Seu pai, natural de Santa Luzia, onde desenvolveu atividades de marchante, que fora casado em primeiras núpcias com Maria José, a qual retirou de uma casa de caridade, ficou viúvo com dois filhos: Maria e Manoel. O segundo enlace foi com a jovem de Alagoa Grande, a quem conheceu na Rainha da Borborema, onde trabalhava em uma casa de jogos, depois de uma passagem por João Pessoa, como vigia do Porto de Cabedelo.

O filho Manoel, mais conhecido por Medeiros, que havia indicado Zé Damião para o cassino do brejo, se transferiu para Condado, na época da construção do açude Engenheiro Arcoverde e, posteriormente, passou a atuar na empresa de José Araújo (seu cunhado), concessionária Chevrolet em Pombal, período em que o genitor já integrava a equipe funcional da SANBRA e enfrentava problemas de saúde, com complicações cardíacas, o que motivou a iniciativa de trazê-lo para a “Terra de Maringá”.

A transferência da família para a cidade de Patos aconteceu no dia 22 de fevereiro de 1941, coincidentemente, um sábado de carnaval, quando Medeiros passou a integrar a filial da empresa de Pombal, passando à condição de sócio. O menino Francisco, que no mês seguinte ganharia sua irmã Marília, foi matriculado no Grupo Escolar Rio Branco e já no dia 19 de abril daquele ano desfilou na inauguração da Praça Getúlio Vargas. Permaneceu na referida unidade de ensino até 1944, quando passou a fazer parte do alunado da Escola Particular Nossa Senhora da Guia, da professora Rosalina Queiroz. Seu pai faleceu em 03 de maio de 1945, acometido de uma febre tifo. Em 1947, fez Admissão no Ginásio Diocesano, no qual concluiu o primeiro grau.

Com o apoio do irmão, se transferiu para João Pessoa, objetivando sequenciar os estudos no Liceu Paraibano, não conseguindo o resultado esperado e retornando a Patos no final de 1952. Em julho de 1953, teve sua carteira assinada como funcionário da Chevrolet e, dez anos após, fruto dos direitos trabalhistas, passaria a condição de sócio, adquirindo uma cota correspondente a 10% do capital da empresa, além de um salário correspondente a 65% do pró-labore dos idealizadores. Relembra, entre os episódios que marcaram época, a explosão do cofre da empresa, por dois elementos oriundos do Recife, na noite de 30 de abril de 1962, quando foram levados pelos bandidos 1 milhão e 710 mil cruzeiros, episódio que marcou o sertão na época, desencadeando uma grande operação policial.

Vale destacar a participação de Francisco Cícero de Medeiros na fundação do Clube dos Comerciários, ao lado de figuras como: Zé Palmeira, Nelson, Luiz Araújo e Luiz de França, chegando a presidir a entidade, atrelada ao SESC que, inclusive, funcionou em prédio localizado na rua Rio Branco, que sediara a AABB, alugado ao empresário Hardma Cavalcante Pinto.

Foi uma das funcionárias da concessionária, a jovem Maria Jane César, que lhe despertou as atenções e acabou ganhando o seu coração. O casamento se deu em 08 de dezembro de 1962, na Capela do Diocesano, celebrado pelo Padre Vieira, união da qual surgiriam os filhos: Tânia, Toyama, Gabriel, Jânio e Jório.

Chico Medeiros, como é mais conhecido, fez questão de destacar os anos em que enfrentou problemas com o alcoolismo, dos quais tirou uma grande lição de vida e passou a constituir um exemplo concreto a ser seguido, no trabalho que o acolheu e que passou a desenvolver no movimento de AA, ajudando inúmeras pessoas a sair do vício. Após o que considera a sua libertação, voltou ao processo de desenvolvimento e, em 1973, retornou ao campo profissional, gerenciando o Posto Apolo XI, no qual desenvolvia praticamente todas as atividades para incentivar os colaboradores da firma. Peregrinou por empresas referenciais de Patos as transformando em clientes potenciais, no abastecimento de suas frotas, a exemplo da SOCIC e Fumo DUBOM.

Retomou as atividades acadêmicas, na condição de aluno do Técnico em Contabilidade, do Colégio Alfredo Dantas – Campina Grande, ao ponto em que passou a lecionar no Comercial Roberto Simonsen, da cidade de Patos. Em 1975, foi trabalhar em Móveis Paraguassu, a convite do seu proprietário Zé Martins, passando a gerenciar a filial de Catolé do Rocha. Foi quando resolveu prestar exame vestibular para o curso de Direito, da Fundação Cultural de Sousa, vindo a concluir o bacharelado naquela unidade já integrante da Universidade Federal da Paraíba. Vale destacar, ainda, a sua grande contribuição na criação da Fundação Francisco Mascarenhas, sendo um dos trinta e um sócios que consolidaram a instituição de ensino que é a grande referência da formação superior no sertão.

Por indicação do agente fiscal Milton Lira, Chico Medeiros foi convidado pela Empresa de Transportes Marajó Ltda, do empresário Zerinho, com o qual se encontrou na Rodoviária de Patos, para gerenciar a sua unidade da capital do sertão, em substituição a Antônio Marinho de Figueiredo. Resistiu, em um primeiro momento, mas acabou aceitando e vindo a assumir em 09 de junho de 1976. Com a bagagem acumulada no campo empresarial, acatou o convite do empresário Antônio Batista e substituiu Osvaldo Mota na presidência da ACIAP, período em que contribuiu para a instalação da Junta Comercial. Em 1979, passou a integrar os quadros sociais do Rotary Internacional. Em 26 de fevereiro de 1981, o prefeito Edmilson Fernandes Mota sancionou a Lei Municipal 1.327, lhe outorgando o título honorífico de Cidadão Patoense.

Em 10 de março de 1983, registra-se o falecimento de sua mãe, Severina Dias de Medeiros. Em 14 de março de 1992, o nome em destaque chegava à aposentadoria, o que não seria empecilho para a sequência das atividades da Transportadora Marajó, na qual permaneceu até 1998, quando foi substituído pelo filho Gabriel.

 

Damião Lucena – damiaolucena@gmail.com

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