Hoje faz 40 anos que John Lennon foi assassinado. Morto aos 40, o ex-Beatle só dirigiu por quinze anos. Não era como George Harrison, declaradamente o “petrol head” da banda, e portanto não surpreende que tenha se habilitado somente aos 24.
“Eu nunca me incomodei porque não era muito interessado em dirigir. Mas quando os outros (Beatles) passaram (no teste para obter carteira de motorista) achei melhor fazer isso ou seria deixado para trás”, disse uma vez.
Quando souberam que Lennon havia passado no exame de motorista, em fevereiro de 1965, concessionárias de marcas de luxo se plantaram em frente à casa do músico, em Weybridge, para lhe apresentar seus produtos.
Após conhecer os predicados de conforto e desempenho de cada um, Lennon acabou escolhendo uma Ferrari 330GT 2+2, desembolsando pelo esportivo £ 6.500. Em outubro de 1967 a Ferrari foi vendida, e depois de pular de garagem em garagem nas décadas seguintes foi leiloada, em 2013, por £ 359.900.
Enquanto era bajulado por vendedores da Jaguar, da Maserati e da Aston Martin, Lennon aguardava a entrega de seu Rolls-Royce Phantom V Touring Limousine, encomendado em dezembro de 1964 e entregue no junho seguinte.
Originalmente preto com interior em nogueira, assim o carro mais famoso do músico levou os quatro Beatles ao Palácio de Buckingham para receberem da Rainha Elizabeth II suas condecorações de Membro do Império Britânico.
Uma televisão e um assento traseiro que se transformava em cama foram instalados em 1966, enquanto a emblemática pintura psicodélica, um dos símbolos dos “Swinging Sixties”, surgiu em 1967.
Três anos depois, Lennon e Yoko Ono transferiram o carro para Nova York. Contudo, imbróglios relacionados a impostos levaram o casal a doar o veículo ao Cooper-Hewitt Museum of Design quatro anos depois.
Em 1985, durante leilão da Sotheby’s, o Rolls foi arrematado por US$ 2.299.000 pelo empresário canadense James “Jimmy” Pattison, que posteriormente o doou para a província de British Columbia exibi-lo no museu do transporte local. Desde 1993 é mantido pelo Royal BC Museum, em Victoria, no Canadá.
Outro carro que passou pela curta vida de motorista de Lennon foi um modesto Austin Maxi. Que também durou pouco nas mãos desajeitadas do cantor, reconhecidamente ruim de volante: em 1969, durante viagem da família pela Escócia, Lennon perdeu o controle do carro ao desviar de um veículo vindo em sua direção e caiu em uma vala à beira da estrada. Ninguém se feriu gravemente, e pouco depois o Austin foi rebocado para os jardins da residência do casal.
Mercedes era preferência
Embora o mais famoso dos carros de John Lennon seja, ainda hoje, o Rolls-Royce, o músico aparentemente tinha preferência por modelos da Mercedes-Benz. O primeiro deles foi um 230 SL 1965, leiloado no ano passado pela Barrett-Jackson por US$ 187,5 mil.
Em 1969 o artista inglês teve um 600 Pullman, um dos modelos mais luxuosos de sua época. Quando ele e Yoko Ono se mudaram para os EUA, George Harrison ficou com a limusine (que só de entre-eixos tinha 3,9 metros).
E seu último carro foi um Mercedes-Benz 300TD 1979, modelo que substituiu um quase anônimo Chrysler Town & Country 1972. A preferência por peruas é explicada pela facilidade que Lennon encontrou para carregar os instrumentos da Plastic Ono Band, seu grupo com Yoko.
Era o carro que estava na garagem quando o ex-Beatle levou quatro tiros em frente ao edifício Dakota, em Nova York, onde morava. Durante audiência que tratou de seu 11º pedido de liberdade condicional, novamente negada, Mark Chapman alegou que matou Lennon por “glória pessoal”.
Rodrigo Mora – Colunista do UOL