Governador de São Paulo, João Doria (PSDB), durante a coletiva de imprensa nesta segunda-feira (25). — Foto: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo
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O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou nesta segunda-feira (25) que a liberação de 5,4 mil litros de insumos para produção da da CoronaVac só foi possível devido ao esforço da gestão estadual e do Instituto Butantan.

A postagem foi feita depois de o presidente Jair Bolsonaro publicar em uma rede social que a Embaixada da China no Brasil informou que os insumos estavam liberados.

“Não é verdade o que disse o Presidente Bolsonaro em suas redes, de que a importação de insumos da China foi uma realização do Governo Federal. Todo o processo de negociação com a China para liberação de insumos para a vacina do Butantan foi realizado pelo Instituto e pelo Governo de São Paulo”, escreveu Doria em suas redes sociais.

Em entrevista à TV Globo, Doria se mostrou indignado e classificou a atitude de Bolsonaro como um “oportunismo escancarado”.

Em nota, Doria disse que a negociação com a China “é continua e nunca foi interrompida, mesmo quando o Governo Federal através do presidente da República anunciou publicamente em mais de uma ocasião, que não iria adquirir a vacina por causa de sua origem chinesa”.

Após a publicação de Bolsonaro na rede social, o embaixador Chinês Yang Wanming, escreveu mensagem na mesma rede: “A China está junto com o Brasil na luta contra a pandemia e continuará a ajudar o Brasil neste combate dentro do seu alcance. A União e a solidariedade são os caminhos corretos para vencer a pandemia”.

Em outubro, Bolsonaro chegou a suspender um acordo entre o Ministério da Saúde e o Butantan para a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac. Na ocasião, o presidente disse em uma rede social que os brasileiros não seriam “cobaia” de ninguém e se referiu à CoronaVac como a “vacina chinesa de João Doria”.

Em novembro, quando os testes da CoronaVac foram interrompidos devido a morte de um dos voluntários, o presidente chegou a dizer que a vacina causava “morte, invalidez, anomalia”. A morte do voluntário não ocorreu por causa da vacina.

Reunião com embaixador

Pouco antes, o governador João Doria divulgou que se reunirá na terça-feira (26) com o embaixador da China para discutir o envio dos insumos.

“Amanhã ao término desta conferência com o embaixador da China já poderemos anunciar os novos lotes da vacina e a quantidade, lotes dos insumos para a quantidade de vacinas do Butantan”, disse o governador.

O anúncio foi feito durante uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira (25) no Palácio dos Bandeirantes, na Zona Sul de São Paulo. O evento reuniu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), presencialmente, e os ex-presidentes José Sarney (MDB) e Michel Temer (MDB), que participaram de forma virtual.

Na última quinta-feira (21), o governo de São Paulo relatou que teria pedido ao ex-presidente Michel Temer que entrasse nas negociações para liberar a importação dos insumos. Durante a coletiva de imprensa, Temer disse que o embaixador da China confirmou que os ativos serão enviados ao Brasil.

“Conversei com o senhor embaixador da China no Brasil, havíamos agendado uma conversa e nessa conversa a notícia que eu tive é que os insumos estão sendo acondicionados a uma pequena questão técnica lá na China, mas eles virão para o Brasil, tanto no Instituto Butantan, como para na FioCruz”, disse o ex-presidente.

Reunião de ex-presidentes

Apesar da presença dos ex-presidentes, Doria disse que esse o evento não era um ato político, mas uma ação em defesa da vida, com a vitória da ciência. Segundo ele, todos os ex-presidentes foram convidados, mas somente três participaram do evento.

“Convidei todos os ex-presidentes da República do Brasil entendendo que este ato, esse gesto não seria, como não é, um ato político e muito menos um ato de confronto, ao contrário, é um ato de união, de solidariedade, de humanidade e de entendimento que a vida dos brasileiros está acima de qualquer sentimento político, partidário, eleitoral, ou de qualquer outra ordem”, afirmou o governador.

Os ex-presidentes Dilma Rousseff (PT), Lula (PT) e Fernando Collor (PROS) foram convidados, mas recusaram o convite.

Doses da CoroVac

A CoronaVac é uma vacina contra Covid-19 baseada em vírus inativado e desenvolvida pela Sinovac em parceria com o Butantan. Parte das doses foi entregue pela Sinovac já pronta para uso, enquanto outra parte é formulada pelo instituto em São Paulo.

O Instituto Butantan necessita dos insumos para retomar o processo de envase da CoronaVac em São Paulo, afirmou na segunda-feira (18) o diretor-presidente do instituto, Dimas Covas.

No último domingo (17), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso emergencial dos 6 milhões de doses importadas prontas da China. Um cronograma firmado entre o Instituto Butantan e o Ministério da Saúde prevê a entrega de 8,7 milhões de doses da vacina até 31 de janeiro. Desse total, 6 milhões foram entregues ao longo desta última semana.

Na segunda-feira (18), o Butantan fez um pedido de uso emergencial para 4,8 milhões de doses da CoronaVac envasadas no instituto, o que foi aprovado. No entanto, de acordo com o Butantan, após processo de envase e conferência do lote, o total de doses envasadas foi de 4,1 milhões de doses. Desses 4,1 milhões de doses, 900 mil foram liberadas na sexta-feira (22).

G1 SP

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